domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Semana

Posso estar me enganando, não seria a primeira vez. Mas a entrevista que o Pezão deu nas páginas amarelas da Veja desta semana revelou um político mais pé-no-chão do que a maioria dos que estão por aí.

Como sabem, eu sou funcionário da ALERJ, aquele antro. A cada legislação fica mais difícil apenas estar lá dentro, imaginem trabalhar. A vantagem de ser concursado é que você não fica dependente da boa vontade de ninguém, o salário e a carga horária são satisfatórios, dá para ir levando a vida sem se locupletar totalmente.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Calma lá, gente!


Não se pode criticar o governo atual sem recebermos de volta históricos fajutos de crescimento da renda da população e outros dados que não tem sequer relação com a conversa.  Obnubilados pelo fanatismo de suas próprias ideias, não conseguem conversar sem trazer à baila o nome de Fernando Henrique. Sei não, mas isso não resiste à primeira sessão de análise com o "cota" formado em último lugar na turma! (Vão dizer que a sentença está carregada de preconceito! A primeira sinalização de falência do pensamento é a perda do sentido de sarcasmo e ironia!)



Vamos conversar igual a adultos: Le Bon escreveu que a química dos grupos era uma força que criava sentimentos purificados das variações individuais, e que, ao ser apanhada na química do grupo, a pessoa perdia a si mesma. Precisa explicar? Citando Sennett, de novo:" Quanto mais engajadas, comprometidas e emocionalmente envolvidas  são as pessoas na vida social, maior dissonância sentem, necessariamente. A interpretação do que acontece  torna-se uma atividade difícil  e exigente."
Mais uma vez, precisa explicar?



Não é que este pessoal não tenha estudado, é que atingiram um nível de manipulação que tornou simplesmente impossível a conversa a respeito de alguma coisa que não seja a cerveja artesanal lançada por um amigo na Praça da Bandeira.

Sugiro aos queridos que procurem ajuda, atravessar esse período de desilusão, desencanto, transferência de rancor, pode se tornar um momento crítico na vida de cada um. Pensem bem, não dói, "doação" não é "renda", "prêmio" não é "mérito".



As desigualdades estão aí, não é preciso reforçá-las tanto no campo das ideias. Pensar faz bem, não dói e ajuda a compreender que o momento do País é perigoso, triste, desalentado. Isto não tem nada a ver com gostar de pobre ou não, gostar de comunidades ou favelas, ter amigos nordestinos ou manauaras. A vida está ficando mais difícil para todos. Simples assim...e vai piorar... triste assim.

Fim de uma era

Acabei com a página Um Poema por dia. O retorno era mínimo, embora eu seja agradecido por ter me proporcionado a oportunidade de conhecer muitos poetas. Acredito que Portugal e Espanha têm muito a nos dar, não sei qual seria o caminho para tornar os escritores lusos e espanhóis mais conhecidos, mas é uma pena que sejam tão pouco divulgados.
Para encerrar a página, postei um poema da Clarice Lispector, essa abusada - no sentido de ter sido usada em excesso-  por todos que querem se dizer sensíveis. Como ela escreveu, truculência também é amor.
Com isso, volto a ter tempo disponível para o blog, que andava relegado a segundo plano. Voltou ao primeiro...



Clarice Lispector
Nossa Truculência
Quando penso na alegria voraz
com que comemos galinha ao molho pardo,
dou-me conta de nossa truculência.
Eu, que seria incapaz de matar uma galinha,
tanto gosto delas vivas
mexendo o pescoço feio
e procurando minhocas.
Deveríamos não comê-las e ao seu sangue?
Nunca.
Nós somos canibais,
é preciso não esquecer.
E respeitar a violência que temos.
E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo,
comeríamos gente com seu sangue.
Minha falta de coragem de matar uma galinha
e no entanto comê-la morta
me confunde, espanta-me,
mas aceito.
A nossa vida é truculenta:
nasce-se com sangue
e com sangue corta-se a união
que é o cordão umbilical.
E quantos morrem com sangue.
É preciso acreditar no sangue
como parte de nossa vida.
A truculência.
É amor também.

Os comentários, como sempre, continuam abertos a todos. Beijos.