Coffee break
Após a difícil, exaustiva
contemplação da paisagem,
descemos ao bar
para um merecido coffee break.
O café é um bom digestivo
para a compacta barrigada de estesias
vividas no tombadilho.
Qualquer coisa de tangível,
literal, a que é bom
agarrar-se um poeta quando em risco
de levitação.
Depois, dispersos pelas poltronas,
imitamos o criado do bar,
servindo uns aos outros
poemas e agudezas similares
em porcelana fina.
No fim, na cumplicidade
de quem tem tão denodadamente
gargarejado o Douro,
cada qual a seu modo e em seu tom,
piscamo-nos os olhos,
achamos que somos os maiores.
Isto é: cada um acha
que ele próprio é o maior –
não desdenhando embora
prestar homenagem à segunda
mas ainda assim grande grandeza
dos demais.
Abençoado Douro, abençoada
alquimia do Douro!
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