Foto minha, na ArtRio 2013. Esqueci o autor... |
Há tempos sem postar, né? Queria evitar o inevitável lugar comum, passar ao largo da decepção fundamentada em preceitos legais, da escarificação da justiça brasileira (sempre com minúsculas, a partir de hoje).
A discussão de que a vida (pública) é um teatro, ou poderia ser tomada como uma peça teatral é antiga e tem argumentos fortes para sua afirmação e para a negação também. Richard Sennett, no seminal livro The Fall of Public Man", discute um ensaio de Fielding, chamado "A Comparison Between the World and the Stage", que começa:
"O mundo tem sido frequentemente comparado a um teatro...este pensamento tem sido usado por tanto tempo, e se tornado tão geral, que algumas palavras próprias do teatro, e que são, a princípio, metaforicamente aplicadas ao mundo, agora são usadas indiscriminadamente e literalmente pelos dois (mundos): assim, palco e cena, devido ao uso, tornaram-se familiares para nós, tanto quando nós falamos da vida em geral, quanto nos confinamos à performance dramática."
e por aí vai, até a afirmação de que "a single bad act no more constitutes a villain in life than a single bad part on the stage...the analogy becomes a literal truth. The character of acts and the character of actors are separate, so that a man of the world "can censure an imperfection, or even a vice, without rage against the guilty party".
Estão percebendo onde quero chegar? Não há como definir as pessoas vivendo numa sociedade como a nossa, e a ênfase, então, deve ser na análise do que as pessoas praticam e fazem em relação às outras. Pratica-se o mal e fere-se alguém? A grande questão passa a ser, para esta pessoa, a mudança de seu papel social. E qual seria a razão para não fazê-lo, já que não há papel fixo na sociedade determinado pela necessidade ou pelo conhecimento que os outros têm de seu passado. (aqui, traduzi, misturei, inclui, um turbilhão....)
Onde chegarão nossos homens públicos, com a prática dos atos lesa-sociedade que têm nos atirado, como uma carga nos ombros de escravos condenados a uma eterna caravana através de um deserto de boa vontade, sem um oásis à vista? A certeza de que a analise de seus contemporâneos poupará o caráter particular os deixa à vontade para a prática de todo o mal.
A transferência de poder, tão discutida por Hannah Arendt, tem se mostrado equivocada e mal dirigida. É preciso que tenhamos consciência disto já para que nosso futuro vá além de um abismo que nos aguarda logo ali. Não houve civilização que resistisse a isto, a esta falta de perspectiva e futuro.
supremo tribunal federal, tão "legal" e "cônscio dos diplomas legais, igualitários e soberanos", você tem ideia do mal que fez a esse país? O grande erro, eventualmente, é estar certo.
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