Sempre a encontrávamos de supetão. Os encontros marcados não se realizavam, por motivos que podem parecer até esotéricos. Mas, de repente, avolumando o horizonte, lá vinha Dinorah e seu Uísque ( um cachorro, mas que provocava nela o mesmo efeito que o licor escocês nos provoca).
Sempre uma palavra amiga, sempre uma lembrança gentil, uma lembrancinha, uma história amiga ou amável para contar. Um neném que ia chegar, o estudioso neto, as filhas de quem se orgulhava tanto que os olhos chegavam a marejar...
E nós, sacanas com ela, arrumávamos os pretendentes mais improváveis, promovíamos romances irrealizáveis, inventávamos histórias que nunca aconteceriam, mas que nos divertiam por horas. Nosso chá não se realizou, não houve tempo para a apresentação "daquele" pretendente que faria com que um sorriso maroto percorresse seu rosto.
A preocupação com os que estavam à sua volta deveria tornar-se matéria obrigatória no ensino fundamental, não a caridade gorda e indolente, por que fácil, de que falou Sandor Márai, mas a verdadeira, em que o amor genuíno pelo semelhante, a compaixão pelo estado dos menos afortunados era real e exigia uma urgente solução, de alguma forma...
Conheci duas das filhas, Viviane e Isabel, dois retratos pintados pela artista capaz de transmitir bons sentimentos, boas vibrações, atenção pelos amigos..dois amores, que, certamente, continuarão a espelhar a mãe neste mundo tão cheio de exemplos que deveriam ser esquecidos.
Não estou gostando, a velhice tem me trazido a perda de queridos à alarmante média de um por ano!! E eu gosto de tantos que são tão poucos!!! E gosto tanto de tão poucos, que são tantos"!!! E agora menos uma, que era tantas...que valia por muitas.
Tchau, Dinorah, certamente o bem que você espalhava continua por aí, viajando por este mundo em busca de outro receptáculo digno de um sentimento tão verdadeiro.
Não tenho uma foto sequer da Dinorah, é certo isso? Então, falo de amor....é a mesma coisa!
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