sábado, 24 de outubro de 2015

Milano, La Vecchia

A região do Navigli, onde se passeio à tarde e é uma delícia.

Uma surpresa a cidade, já que se revela aos poucos, a impressão inicial não ajuda em nada. Sombria, meio cinza, fios elétricos correndo pelas ruas, parecendo São Paulo dos anos 60. Mas.... e um mas positivo, mas a cidade se revela aos poucos, interessante, cheia de meandros, lojas interessantes, muita coisa além do óbvio esperado pelos turistas padrão.

A Michelle, uma nova amiga em uma nova cidade. Viajar vale a pena!
O Duomo em madeira
Reservamos apenas três dias para Milão, foi pouco, pelo menos cinco dias para que você possa conhecer a cidade sem atropelos. Se o seu turismo é tipo CVC, você não tem nada a fazer por aqui, as indicações são para quem tem disponibilidade de tempo para vivenciar, pelo menos, um pouco do ambiente da cidade.



No livro "A Arte de Viajar", Alain de Botton fala sobre o que caracterizaria a disposição mental de um viajante, e diz que a receptividade poderia ser considerada a sua (do viajante) principal característica. Aborda-se os lugares novos com humildade, não há uma ideia rígida sobre o que é interessante. Incomodamos os moradores locais porque prestamos atenção em detalhes insignificantes, atrapalhando o fluxo natural e diário do povo do lugar. "Estamos atentos para as camadas de história por baixo do presente; fazemos anotações e tiramos fotografias". Acho que nada descreveria melhor o espírito com que viajamos aqui em casa. E nada descreveria melhor Milão e seus simpáticos habitantes, incomodados pelo assédio, mas gentis e educados.



Como sempre, não detalho atrações, para isso existem os milhares de guias, blogs, etc. Narro nossas experiências, na esperança de encontrar alguém que queira experiências parecidas. Lembre-se: primeira vez é só uma, única e irrepetível. Tenha a sua, e depois me conte.

A região de Navigli, cheia de bares e restaurantes
Hotéis: oferta gigantesca. Como sempre, procure ficar por perto dos centros de lazer! Pegar condução em uma cidade desconhecida para jantar é (quase) o fim do mundo. Evite! Mas também ficar sem dormir devido ao burburinho não é fácil!
Ficamos no Hotel Canadá, que preenche exatamente essa qualidade: é próximo ao movimento, mas longe o suficiente para ser tranquilo. E o pessoal é muito atencioso, quarto bom, café da manhã muito bom. E a simpatia matadora de oferecerem um lanche da tarde, gratuita, a todos os hóspedes. Nada melhor do que voltar cansado de um passeio e encontrar um lanchinho à sua espera. Aproveite. Muito bom mesmo.



Transportes: Uma delícia, andar de bonde por toda a cidade. Quando não der para ir de bonde, conjugar com o metrô ou ônibus. São poucos, os ônibus, mas funcionam perfeitamente.
Compre o bilhete de 24 horas e utilize todos os meios de transporte disponíveis. Mais uma vez, e nunca é demais repetir: valide seu bilhete na primeira viagem, a fiscalização é rigorosa e eles têm especial predileção pelos turistas. Sempre há uma cabine perto das paradas (fermata, lembre-se!) onde vendem os bilhetes. Mais uma vez, e sendo mais repetitivo do que o Lula dando desculpas, qual é a razão para não termos algo parecido por aqui?
Mais uma vez: nos pontos (fermata) há uma placa com o itinerário na direção que você está indo. Facílimo. O metrô também é facílimo de andar, fomos ao recinto da Expo 2015 - uma bobagem, é a último que tento apreciar!- sem o menor problema, o acreditem, era muito longe.

Atrações: os guias estão aí, se você faz esse tipo de turismo. Não é obrigatório fazer nada, tenho sempre isso em mente. Muitas vezes, vale mais conversar com alguém da cidade na entrada do Scala do que ir fazer uma visita guiada. A Internet, hoje, oferece muito mais possibilidades de se conhecer a fundo esse tipo de monumento, indo a lugares que nenhuma visita há de permitir.
Mas uma coisa que você, provavelmente, não sabia: em Milão, existe uma Chinatown!! É isso mesmo, uma Chinatown, com placas em chinês, cardápios incompreensíveis, aquelas coisas cheias de mumunhas, que fazem com que vc tenha a impressão permanente de estar sendo enganado. Querendo ir, pegue o bonde nº 2 e desça quando as placas de lojas começarem a ficar em chinês!!... rs... não há como errar.
Claro, tem o Teatro Scala, o Duomo, as Galerias Vitor Emanuelle, o Castelo Sforzesco, mas você não pode perder mesmo é a Pinacoteca di Brera e a Pinacoteca Ambrosiana, onde está o Códice Atlantico de Leonardo da Vinci. Vale a visita à cidade ( e à Itália, se vc quer saber!).
Saindo da Pinacoteca de Brera, depois de visitar a Biblioteca e a danada cheia de maravilhas, você vai querer andar pelas ruas do entorno, como Fiori Chiari, San Carpoforo, Madonina, via de Brera, e Via Melone e outras menos votadas, cheias de lojas interessantes, antiquários, bares e restaurantes. O Metrô da área é o Monte Napoleone, não tem erro.


Só para registro: um telão na parede lateral do Duomo!!!Inacreditável!! OK, a Samsung patrocinou o restauro, mas isso aí chega às raias do absurdo!!


Restaurantes e Comida: ficamos apenas três noites em Milão, duas jantamos no mesmo restaurante e na outra jantamos com nossas amigas de Floripa que estavam por lá, uma noite deliciosa, que não tem a ver com um guia de cidade. Então, não posso recomendar muita coisa em matéria de restaurantes, apenas o L"Isola del Tesoro, com uma comida bem razoável, preços ótimos. Atenção que nos finais de semana é preciso reservar, já que é um restaurante com comida da Sardenha e fica muito cheio, com filas. Reserve.
Comer na Itália nunca é um problema, se vc tem um bom radar. O médio lá é de altíssimo nível, comparando com o que temos por aqui. Além do mais, os mercados também são um atrativo à parte. Nós almoçamos um dia em uma biboca onde só havia italianos de terno e gravata, as garçonetes loucas, tinham de atender a todos durante o horário do almoço. Uma loucura.!!! Agora, se vc é fã de comida a quilo, esqueça. Não vi sequer um restaurante do gênero! Graças aos deuses da pança!

Há uma Eataly, mas você se diverte muito mais se for à PECK, uma delicatessen, rotisserie, que tem as comidas mais interessantes do mundo. Obviamente, algumas das mais caras também. No segundo andar, há um restaurante, muito bom e muito caro!


Atenção para o precinho do tartufo bianco!! Só na Peck!!

Passeios: Not much! Como eu disse, escolhemos poucos dias em Milão, daí que os passeios mais longos ficaram prejudicados. Não sei o estilo de quem lê, mas recomendo muito irem ao Navigli, a região do canal que, dizem, foi construído para transportarem o mármore com que construíram o Duomo. Vá de bonde, é ótimo, e desça onde tem uma espécie de arco e vá andando. Você vai se divertir muito, ver muitas lojas interessantes, gente bonita bem vestida. Não, não tem sorvete!


fazer esses tipos de piso e tampas de mesa, eu acho que é uma arte que se perdeu!


Na região de Brera também há muitas lojas interessantes e, para quem é ligado em papel, há a loja dos Papéis Fabriano! Há ideias ótimas para presentes, mas você tem de respeitar muito alguém que produz papéis desde 1264. Isso mesmo, 1-2-6-4!!!!!!!!!!!! Nós aqui, matando jacaré no muque e eles produzindo alguns dos papéis mais bonitos do mundo!

Lembre-se: viagens são interessantes quando as descobertas agem em seu (do leitor) próprio benefício. De algum modo, suas descobertas devem enriquecer a sua vida. Concordo totalmente com o Alain, as descobertas devem ser pessoais, as dicas dos amigos e guias devem apenas servir de apoio.
Descubra-se!

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