As mulheres de rua por aqui usam as crianças para tentar nos comover, sem atentar que a repetição (da criança e dos pedidos, afinal, estão sempre com um nos braços e outro na barriga!) afasta o contribuinte com alguma culpa a ser expiada. Eu não tenho, minhas culpas foram resolvidas com uma contribuição à campanha do Alckmin, nada mais destinado ao fracasso, não é verdade?
Bolo, sem culpa! |
Abriram uma loja de bolos aqui perto de casa. Vão abrir mais duas, uma delas de propriedade daquela moça que atormenta as manhãs de todo mundo, que não é pirata, mas tem sempre um periquito no ombro.
"- Moço, paga um bolo pra mim?", diz a moça, carregando um daqueles bebês-sacolas-a-tiracolo.
Como vcs sabem, eu me recuso a partilhar da culpa generalizada. Nada me perguntaram, nem pediram, quando fizeram o novo ser-sem-perspectiva. Tivessem pedido, teria lhes dado uma camisinha.Então, entrei com:
"-Não está dando!Bolo tá caro!" - afinal, economia é da hora! O novo governo é uma incógnita, qualquer seja ele!
"-Mas é meu aniversário! Tô triste!", em uma dialética desenvolvida na necessidade diária de tocar a alma das pessoas.
"-No meu, tomei água! Bolo está pra rico!", sigo eu, sem compaixão alguma.
-"E se for pra criança, o senhor paga?", num último apelo que é uma apelação.
-"Criança não pode comer bolo!Açúcar faz mal!". e, um Herodes redivivo nesses tempos em
que se regojiza com garotinhos impedidos de entrar na brincadeira, segui meu caminho.
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