Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen, minha poeta favorita, desde muito!
Poesia,poesias, poetas,diários de viagem, fotos, e quadrinhos, e vídeos, e tudo que pareça poesia. E música,bastante, quando der. E mais um pouco de tudo, que a vida é poesia
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
Tiago Nené
Nossas caravelas nunca partem para Portugal como destino, mas sim como porto. Precisamos rever isto, fazer de Portugal o pai generoso que tudo nos deu,embora tenha tirado mais do que devia. Amo-te,Portugal, com o ódio dos filhos.
Por falar nisso, o poema do Tiago Nené para o filho é de doer.
CARTA AO FILHO
filho, já não há sangue do meu correndo nas tuas veias,
há uma humidade opaca nesta ferida,
sinto-me um sopro enchendo a fissura da rocha que sou;
filho, havia ainda um último fósforo, uma dúvida
mais transparente que o ar,
a única que não pode haver entre um pai e um filho,
uma árvore ardendo no meu amor;
filho, hoje o teu rosto parecido com o meu
perdeu os pilares que seguravam as nossas parecenças
e toda a respiração se desmoronou;
filho, meu único filho, perdoa-me hoje
o que sinto de ontem, um desamor injusto e selvagem,
cravado na memória, retroactivo;
o teu pai
Por falar nisso, o poema do Tiago Nené para o filho é de doer.
CARTA AO FILHO
filho, já não há sangue do meu correndo nas tuas veias,
há uma humidade opaca nesta ferida,
sinto-me um sopro enchendo a fissura da rocha que sou;
filho, havia ainda um último fósforo, uma dúvida
mais transparente que o ar,
a única que não pode haver entre um pai e um filho,
uma árvore ardendo no meu amor;
filho, hoje o teu rosto parecido com o meu
perdeu os pilares que seguravam as nossas parecenças
e toda a respiração se desmoronou;
filho, meu único filho, perdoa-me hoje
o que sinto de ontem, um desamor injusto e selvagem,
cravado na memória, retroactivo;
o teu pai
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
Poesia
A ideia é de postar sempre poesias por aqui, duas a três por semana. Começando 2025 com uma beleza premonitória:
"Para você, que é emocionado"
Sem fingir algo a mais.
Sem dizer que quer, sem querer.
Sem despertar propositalmente expectativas
que não pretende cumprir.
Ser pouco, se só puder ser pouco.
Ser muito, se realmente tiver muito para dar.
É mais do que responsabilidade afetiva,
é bondade.
“Pra Você Que É Emocionado” (Academia, 2024), de Victor Fernandes
"Para você, que é emocionado"
Sem fingir algo a mais.
Sem dizer que quer, sem querer.
Sem despertar propositalmente expectativas
que não pretende cumprir.
Ser pouco, se só puder ser pouco.
Ser muito, se realmente tiver muito para dar.
É mais do que responsabilidade afetiva,
é bondade.
“Pra Você Que É Emocionado” (Academia, 2024), de Victor Fernandes
2025, A Missão
De verdade, pretendo manter o blog, já que não quero continuar com as redes sociais que não forem do Clube Secretário.
2024 nao vai deixar saudades, vamos lutar para que 2025 seja digno de figurar nos anais das histórias de vida de cada um.
2024 nao vai deixar saudades, vamos lutar para que 2025 seja digno de figurar nos anais das histórias de vida de cada um.
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