segunda-feira, 20 de junho de 2016

Fênix apunhalada!

Há alguns anos, postei esta carta de Flaubert. Ingênuo, achei que, com o tempo, ela perderia o sentido e meu desencanto com o mundo seria menos doloroso para a alma, em algum momento do futuro. Ilusão! O futuro chegou e a desilusão só fez aumentar!

Então, repito o post para que a esperança, essa fênix absurda que nos habita, tente mais uma vez renascer.

Grãos de Areia

Flaubert escreveu em 1857 uma cartinha para MMle de Chantepie,onde se pode ler:

"As pessoas ligeiras, superficiais, os espíritos presunçosos e entusiastas
querem uma conclusão em todas as coisas; eles buscam a finalidade da
vida e a dimensão do infinito. Eles tomam na mão, na sua pobre
mãozinha, um punhado de areia e dizem ao oceano: "Eu vou contar os grãos
das tuas margens!" Mas, como os grãos lhes correm por entre os dedos,
ai, e como o cálculo é longo, eles batem com o pé no chão e choram.
Você sabe o que há para fazer na margem do oceano? Ajoelhar-se ou
passear!!! Passeie!!"

Não, não é para tirar nenhum conclusão em relação aos oceanos que ora atravessamos, é apenas para achar lindo
!

En français:

"Les gens légers, bornés, les esprits présomptueux et enthousiastes
veulent en toute chose une conclusion ; ils cherchent le but de la vie
et la dimension de l'infini. Ils prennent dans leur pauvre petite main
une poignée de sable et ils disent à l'Océan : "Je vais compter les
grains de tes rivages." Mais comme les grains leur coulent entre les
doigts et que le calcul est long, ils trépignent et ils pleurent.
Savez-vous ce qu'il faut faire sur la grève ? Il faut s'agenouiller ou
se promener. Promenez-vous."

Você tem passeado ou seus joelhos estão esfolados?

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