A orelha do livro Lampadário, que ganhou o Prêmio da ABL de Poesia, começa: "Há ocasiões especiais em que a poesia se veste de música, e nos deixa seu efêmero perfume impregnado por uma eternidade."...e por aí vai. Fora o mau uso da vírgula, dá medo!
Lendo o livro, a má impressão vai embora e como a autora já tem catorze livros lançados, é de se perguntar: onde estão eles? Dá vontade de conhecer um pouco mais, ler um pouco mais, de quem escreve:
Navios
Venho ao cais esperar navios
sucedem-se as altas vagas
Aceno sinais de estio
às vésperas adiadas
Te aguardo e quando te espreito
Arrastam-se os segundos
O vento esticou o mundo
Nos cárceres do estaleiro
Passam veios, horas largas
Nenhum sinal de teu fardo
Busco-te a cada entrada
O que me passas - passado.
e também
Primeiras Luzes
Ontem cortei os pulsos quando a manhã raiava
E o sol riscava no céu uma balada
O que fazer então com a alvorada
Se a noite apressa bater em retirada?
Pálida noite regressa à tua sina!
Para não mais abrir minha cortina
E ver a luz que o amanhecer insiste
Em violar a morte dos mais tristes.
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