sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mais um ano...



Sinto, sentimos muito a falta dela aqui em casa. Terezoca, realmente, deixou um problema para os que haviam se acostumado com seu jeito: a falta dele! Espera-se um comentário, um arcar de sobrancelhas, uma lembrança conectada com algo que mais tarde virá a sua memória, mas antes percorrer aquele cérebro maduro e superesperto. Poxa, Teresa, você faz muita falta!

Este poema é, francamente, o retrato do que temos passado aqui em casa neste período: nos lembramos de contar algo para quem já não pode ouvir, separamos algo para mostrar a quem já não pode ver, amamos loucamente uma ausência que nunca se completará. Que coisa, destino!

Alphonsus de Guimarães Filho 

Distraidamente

Distraidamente, disquei para o teu apartamento.
Distraidamente.
(Que coisa haverá mais triste que um telefone soando na distância,
sem resposta possível?)
Foi então que, de súbito, caiu em mim a sensação da tua ausência.
Ah, amiga...
Distraidamente, deixei o telefone soar, soar, soar, como se fosses
responder acaso,
como se de alguma parte, não sei de onde, surgisse de novo a tua
voz alegre, o teu riso jovem.
Cheguei a ouvir teu riso.
Ah, amiga
...
Distraidamente, como que à espera,
(em que astro atenderias?)
distraidamente, assim fiquei.



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