Al Berto

O nome já é ótimo, e a criatura ainda pensa, muito....adoro ele nos colocar acima de Deus, não como escritores (que é do que trata o texto), mas como seres humanos que nomeiam as coisas e as fazem existir....

É Preciso Repensar a Nossa VidaÉ preciso repensar a nossa vida. Repensar a cafeteira do café, de que nos servimos de manhã, e repensar uma grande parte do nosso lugar no universo. Talvez isso tenha a ver com a posição do escritor, que é uma posição universal, no lugar de Deus, acima da condição humana, a nomear as coisas para que elas existam. Para que elas possam existir… Isto tem a ver com o poeta, sobretudo, que é um demiurgo. Ou tem esse lado. Numa forma simples, essa maneira de redimensionar o mundo passa por um aspecto muito profundo, que não tem nada a ver com aquilo que existe à flor da pele. Tem a ver com uma experiência radical do mundo. 
Por exemplo, com aquela que eu faço de vez em quando, que é passar três dias como se fosse cego. Por mais atento que se seja, há sempre coisas que nos escapam e que só podemos conhecer de outra maneira, através dos outros sentidos, que estão menos treinados… Reconhecer a casa através de outros sentidos, como o tacto, por exemplo. Isso é outra dimensão, dá outra profundidade. E a casa é sempre o centro e o sentido do mundo. A partir daí, da casa, percebe-se tudo. Tudo. O mundo todo. 

Al Berto, in "Entrevista à revista Ler (1989)" 

Sophia Andresen

Quem acompanha este blog, né Valéria, sabe da minha paixão pela Sophia....como eu disse em um post muuuuito antigo, paixão é assim, precisamos sempre de mais um pouco.... então tá!!

Terror de Te AmarTerror de te amar num sítio tão frágil como o mundo 

Mal de te amar neste lugar de imperfeição 
Onde tudo nos quebra e emudece 
Onde tudo nos mente e nos separa. 

Que nenhuma estrela queime o teu perfil 
Que nenhum deus se lembre do teu nome 
Que nem o vento passe onde tu passas. 

Para ti eu criarei um dia puro 
Livre como o vento e repetido 
Como o florir das ondas ordenadas. 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética” 

Cavezan

Só lembrando: os assuntos de encadernação e papel estão todos no Cavezan....www.cavezan.blogspot.com. Apareça, opine, foi totalmente repaginado....

Egon Schile

Egon Schiele é um pintor austríaco, morreu muuuito novo, há uma foto dele morrendo mesmo, de febre, na grande epidemia de febre espanhola. A mulher dele morrer poucos dias antes ou depois, não me lembro, grávida de nove meses. Fadado à tragédia....

Jovem, porém o maior mestre da concisão do traço que eu já vi. E é reconhecível à distância, e como se não bastasse, um dos favoritos do Alberto, se não for o. Este Auto retrato com as mãos erguidas lá em cima, este Retrato de Klimt com casaco azul (tá bom, parece um São Francisco charmoso) e sobretudo o quadro da mulher com casaco roxo, do qual não achei imagem....e a mulher com as meias púrpuras (o site não permite cópia).

Para quem quiser conhecer um tantinho melhor, sugiro o Museu Leopold, em Viena, o site é ótimo, dá para apreciar muita coisa...e a Neue Gallerie, de Nova Iorque. E a Internet está cheia de fontes seguras....agora, se vc der de cara com as árvores pintadas por Schiele, prepare-se...nunca mais uma floresta parecerá a mesma para vc.

Canoas e Barcas

Caveat emptor...quem quer ouvir o que quer ouvir, ouve o que quer...acredita-se em frases prontas, discurso prontos para encantar estudantes e crédulos, à espera de uma boquinha que certamente vai aparecer.

Alguém, acho que deve ser um americano, tem que fazer uma curva estatística credulidade x idade real x necessidade de se manter. Obviamente, a estudantada não tem que se preocupar com sua sobrevivência a curto prazo (falo da maior parte do grupo, não das exceções) até uma certa idade, o que permite a manipulação emocional de todo um grupo que pode e quer dispersar sua atenção pelo "bem da humanidade", "condições precárias dos menos afortunados" e outros clichês que começam a doer nos ouvidos quando a vida principia  a cobrar uma atenção maior para as condições de sobrevivência e manutenção da alma atormentada com o próximo.

Não que eu seja contrário ou pouco afeito à solidariedade, de forma alguma. Ajudo quem posso como posso, alguns com atenção, outros com dinheiro, e consigo fazê-lo sem achar que estou mantendo um status quo que abomino. Mas, como disse um senador americano (democrata, antes que me empurrem o burro!) um conservador é um liberal que acabou de ser  roubado. E temos sido roubado há tempos.

Que conversa é esta, você deve estar se perguntando?

Esta conversa é fruto da observação da campanha eleitoral  aqui na cidade do Rio de Janeiro, onde uma figura messiânica nos oferece o paraíso ali à frente, sem nenhum tipo de ingresso ou taxa...uma bobagem imensa, um discurso tão antigo que cheira a mofo e não há nada pior que mofo em casa nova. Na verdade, tudo está parecendo uma construção de cacife político à custa da credulidade dos ingênuos.

Daí o caveat emptor aí de cima....já aconteceu uma vez, vai acontecer de novo e, de novo, estarei olhando de longe....

De volta

Gastão, nunca é demais lembrar, é filho parido de Jaguar, o cartunista gênio que foi conservado em álcool durante anos e agora está por aí...Junto com Ivan Lessa, recente habitante das planícies orvalhadas onde pastam as vacas sagradas de Buda, criou alguns dos melhores personagens da imprensa brasileira. Mas Gastão está um tanto aliviado: com o surgimento de Maneco, o avatar momô deste escriba;Gastão não tem mais necessidade de manifestar surpresa com os fatos que insistem em se repetir, ano após ano, e, para tristeza dos órfãos de uma imprensa semanal séria, como O Pasquim, semana após semana. Judiciário, esportes, administração pública proporcionam o consolo tácito de se repetirem nos seus erros ridículos e somente uma alma jovem, fresca e ainda sem marcas como a de Maneco pode ver novidade onde nós, já entrados em alguns anos, só vemos a repetição daquilo que nossa juventude encontrava motivos para protestar.

Juízes dormindo em pleno julgamento; esportistas nacionais, incapazes de repetir na competição o que faziam nos treinos ou em competições onde as aferições não eram, digamos, tão sérias como nas Olimpíadas; políticos que insistem em nos mostrar que política pode ser algo tão baixo e sem caráter que provocam desestímulo de participação  em quem lutou tanto para poder votar; amigos que se vão sem ao menos pedir licença, deixando para trás a inquietação e perplexidade que somente os usuários do Metrô carioca podem expressar, ao saber que os trens novos não cabem nas estações.

Motivos para a manifestação mais constante e conhecida de de Gastão, o vomitador, não faltam, como vocês podem ver.Mas a vomitada desta semana vai para sempre brave e destemida imprensa carioca, este antro de profissionais incapazes de levar um assunto até o final, capazes de lançar suspeitas sobre qualquer um a respeito de qualquer coisa sem antes checarem as fontes e as informações, essa imprensa incapaz de se desculpar na mesma intensidade com que ofende sem razão, essa imprensa que insiste em  manter as pessoas mal informadas para que seja mais fácil o trânsito entre a verdade e a mera suposição. Um jornalismo que se transformou em "jornalismo de coluna", incapaz de aprofundar um assunto de forma séria e pertinente, totalmente incapaz de analisar o que está sendo dito pelo entrevistado e daí continuar a entrevista em um novo diapasão. As perguntinhas já vieram preparadas e mastigadas e fugir delas parece impossível.
Daí  a vomitada virtual que levou o entrevistador da jogadora Fernanda Garay, a qual, ao enfrentar um repórter idiotizado pela falta de necessidade de ser melhor preparado e que queria se mostrar mais interessante e preparado do que a entrevistada, a qual deu-lhe a resposta que já estava a merecer por outras bobagens ditas no vídeo:"Você já falou demais e não sobrou nada para eu falar. Boa tarde!!!" e mais não disse e nada mais lhe foi perguntado. Era ao vivo, daí....quem viu, viu.

Apenas diga não!!!

Em inglês, fica melhor: "Just say no!!" Porém, considerando-se o principal foco da campanha, acho que seria uma pedra n'água.
Do que eu estou falando? Da campanha que eu queria inicia na Internet dirigida ao pessoal hetero, quando recebem uma cantada gay. Não que seja a minha praia, sou um gay qye somente interage saexualmente com gays, mas não é preciso bater, xingar a mãe, ameaçar de morte, dizer que é normal, nada disso.
Outro dia ouvi uns absurdos trocados na rua, apenas porque alguém havia olhado, isto mesmo, olhado, para um outro alguém na rua. É possível isto? Just say no!!
Ou então vamos incentivar as mulheres a dar pauladas, matar, chutar, castrar, esmurrar os homens quando forem alvo de uma cantada inconveniente....não seria justo??

Gonzaguinha

Telmo Martino chamava Gonzaguinha de "o cantor rancor", não sem alguma razão. Mas era o tempo que não dava para ser bem humorado em nenhuma circunstância, principalmente sendo artista. Moramos em BH na mesma época e fui ver alguns de seus shows.

Ele tinha um dom maravilhoso, seus acertos são absolutamente inigualáveis, basta ver o conjunto de clássicos que ele deixou: É a vida, Geraldinos e Arquibaldos, Diga Lá, Explode Coração, Por um segundo e tantas outras.
Então, coloco aqui três músicas dele, uma por ele mesmo e outra, maravilhosa, cantada pela Nana, um clássico instantâneo....e uma outra maravilha.

Esta é "Com a Perna no Mundo"...

Aqui, Nana destrói tudo em "Por um segundo..."

E aqui justifica, em um hino da época. a fama de acomodado do brasileiro. "Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé, se acabarem com teu Carnaval"...

Ná Ozetti

Uma cantora que, como algumas outras, é uma verdadeira ilha salvadora neste mar de Anas da MPB...Pena que não ocupe um lugar de maior destaque... e a letra, ah! a letra é linda. "Minta, descaradamente, que daí pra frente tudo foi melhor que eu!"...ai, ai...

Beleza

A Internet é uma fonte de coisas legais, belezas e bobagens. Eu achei isto uma beleza, há quem ache bobagem....não é legal?