quarta-feira, 26 de março de 2008

Eleições e Hannah Arendt

A mulher pensava, e muito!!!
Nestes tempos de eleições (outubro está aí!!!), considerando-se os acontecimentos recentes (mensalões e um imenso etc...) e remotos (duas vezes Brizola, mais Moreira Franco e o Lula-lá twice!), é preciso lembrar: "... liberdade não é a liberdade moderna e privada da não interferência, mas sim a liberdade pública de participação democrática. A liberação da necessidade não se confunde com a liberdade, e esta exige um espaço próprio - o espaço público da palavra e da ação. Este espaço é fundamental porque existem no mundo muitos e decisivos assuntos que requerem uma escolha que não pode encontrar o seu fundamento no campo da certeza".
E mais: "O isolamento destrói a capacidade política, a faculdade de agir".
E finalizando: "O isolamento é a base de toda tirania"
!
Para quem quiser mais, leia A Condição Humana.

terça-feira, 25 de março de 2008

Bei Hennef


D.H. Lawrence



The little river twittering in the twilight,
The wan, wondering look of the pale sky,
This is almost bliss.
And everything shut up and gone to sleep,
All the troubles and anxieties and pain
Gone under the twilight.
Only the twilight now, and the soft "Sh!" of the river
That will last for ever.
And at last I know my love for you is here;
I can see it all, it is whole like the twilight,
It is large, so large,
I could not see it before,
Because of the little lights and flickers and interruptions,
Troubles, anxieties and pains.
You are the call and I am the answer,
You are the wish, and I the fulfilment,
You are the night, and I the day.
What else - it is perfect enough.
It is perfectly complete,
You and I,
What more--?
Strange, how we suffer in spite of this.

para o Alberto, que vai entender

terça-feira, 18 de março de 2008

Joy Division




Love Will Tear Us Apart (1980)

When routine bites hard,And ambitions are low,
And resentment rides high,But emotions won't grow,
And we're changing our ways,
Taking different roads.
Then love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.

Why is the bedroom so cold?
You've turned away on your side.
Is my timing that flawed?
Our respect runs so dry.Yet there's still this appeal
That we've kept through our lives.
But love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.

You cry out in your sleep.
All my failings exposed.
And there's a taste in my mouth,
As desperation takes hold.
Just that something so good
Just can't function no more.

But love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.

domingo, 16 de março de 2008

John Donne



Elegy III - Change

Uma edição linda, bilíngue, como deve ser, da Assírio&Alvim, de Portugal, vendida a peso de ouro na Travessa. Qual a razão de livros importados serem tão caros, se não pagam impostos?A edição é linda, a tradução é de Helena Barbas e a estranheza acontece, às vezes, por ser de Portugal.

Although thy hand and faith, and good wotks too,
Have sealed thy love which nothing should undo
Yea though thou fall back, that apostasy
Confirm thy love; yet much, much I fear thee.
Women are tlike the Arts, forced unto none,
Open to all searchers, unprized, if unknown.
If I have caught a bird, and let him fly,
Another fouler using these means, as I,
May catch the same bird; and, as these things be,
Women are made for men, not him, not me.
Foxes and goats; all beasts change when they please,
Shall women, more hot, wily, wild than these,
Be bound to one man, and did Nature then
Idly make them apter to endure than men?
They are our clogs, not their own; if a man be
Chained to a galley, yet the galley is free;
Who has a plow-land, casts all his seed corn there,
And yet allows his ground more corn should bear;
Though Danuby into the sea must flow,
The sea receives the Rhene, Volga and Po.
By nature, which gave it, this liberty
Thou lovest, but Oh! Can'st thou love it and me?
Likeness glues love: and if that thou so do,
To make us like and love, must I change too?
More than thy hate, I hate it, rather let me
Allow her chane, than change as often as she,
Ans so not teach, but force my opinion
To love not any one, not every one.
To live in one land is captivity,
To run all countries, a wild roguery;
Waters stink soon, if in one place they bide,
and in the vast sea are worse putrefied:
But when they kiss one bank, and leaving this
never look back, but the next bank do kiss,
then are they purest; Change is the nursery
of Music, joy, life and eternity. 9 jan


The translation....

Elegia III - Mudança

Embora a tua mão e fé, e também as boa obras
tenham selado o teu amor, que nada pode destruir,
sim, e porém te retrates, essa apostasia
confirma o teu amor; agora muito, muito te temo.
As mulheres são como as artes, comprometidas com nenhum,
abertas a todos os inquiridores, sem valor se desconhecidas.
Se eu apanhar um pássaro, e o deixar fugir,
outro embusteiro, usando os mesmos meios que eu,
pode apanhar o mesmo pássaro; e, dado as coisas serem assim,
as mulheres são para os homens, não para ele, nem para mim.
Raposas e bodes; todas as bestas mudam quando lhes apraz;
e as mulheres, mais quentes, manhosas e selvagens,
deveriam a um só homem sujeitar-se? Tê-las-ia então a Natureza
por desfastio, feito mais aptas a resistir que o homem?
São as nossas grilhetas, não de si próprias; se um homem
for acorrentado a uma galé, a galé continua livre;
quem tem uma terra arável, lança-lhe toda a semente,
e admite ainda que o seu solo mais grão devesse gerar;
Embora o Danúbio corra para o mar,
o mar recebe o Reno, o Volga e o Pó.
Pela Natureza, que lha deu, esta liberdade
amas tu, mas Oh! Não poderás amá-la a ela, e a mim?
A semelhança cola o amor: E se isto tu assim fizeres,
Tornando-nos iguais, e a amar, deverei eu também mudar?
Mais do que o teu ódio, odeio isso, deixa-me antes
Permitir-lhe que mude, e não mudar tanto quanto ela,
e assim, não ensinar, mas forçar a minha idéia
a amar, não uma qualquer, nem a todas.
Viver numa só terra é cativeiro,
Correr todos os países, uma desenfreada velhacaria;
As águas depressa fedem, se num só lugar descansam,
e no vasto mar ainda mais apodrecem:
Mas quando beijam uma margem, e deixando-a
nunca olhando para trás, a próxima margem vão beijar,
então são as mais puras; a Mudança é a creche
da música, da alegria, da vida e eternidade.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Sophia Breyner


Sofia




Paixão é assim, precisamos cada vez mais do mesmo,para que continue sendo diferente....

NO quarto

No quarto roemos o sabor da fome
A nossa imaginação divaga entre paredes brancas
Abertas como grandes páginas lisas
O nosso pensamento erra sem descanso pelos mapas
A nossa vida é como um vestido que não cresceu conosco

AH! Sofia!!!

terça-feira, 11 de março de 2008

Charles Bukowski




The Lucky Ones


stuck in the rain on the freeway, 6:15 p.m.,
these are the lucky ones, these are the
dutifully employed, most with their radios on as loud
as possible as they try not to think or remember.

this is our new civilization: as men
once lived in trees and caves now they live
in their automobiles and on freeways as

the local news is heard again and again while
we shift from first gear to second and back to first.

there's a poor fellow stalled in the fast lane ahead, hood
up, he's standing against the freeway fence
a newspaper over his head in the rain.

the other cars force their way around his car, pull out into
the next lane in front of cars determined to shut them off.

in the lane to my right a driver is being followed by a
police car with blinking red and blue lights - he surely
can't be speeding as

suddenly the rain comes down in a giant wash and all the
cars stop and

even with the windows up I can smell somebody's clutch
burning.

I just hope it's not mine as

the wall of water diminishes and we go back into first
gear; we are all still
a long way from home as I memorize
the silhouette of the car in front of me and the shape of the

driver's head or
what
I can see of it above the headrest while
his bumper sticker asks me
HAVE YOU HUGGED YOUR KID TODAY?

suddenly I have an urge to scream
as another wall of water comes down and the
man on the radio announces that there will be a 70 percent
chance of showers tomorrow night

segunda-feira, 10 de março de 2008

Lamento do oficial por seu cavalo morto





Nós merecemos a morte,porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
pelo nossa cabeça embrulhada em séculos de sombra,
por nosso sangue estranho e instável,
pelas ordens que trazemos por dentro,
e ficam sem explicação.
Criamos o fogo, a velocidade, a nova alquimia,os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices,
e que pecados de ciência, pelo mar, pelas nuvens, nos astros!
Que delírio sem Deus, nossa imaginação!
E aqui morreste!
Oh, tua morte é a minha, que, enganada,recebes.
Não te queixas.
Não pensas.
Não sabes.
Indigno,ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração.
Animal encantado - melhor que nós todos!
- que tinhas tu com este mundo dos homens?
Aprendias a vida, plácida e pura,
e entrelaçada em carne e sonho, que os teus olhos decifravam...
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos de relinchos...
Como vieste morrer por um que mata seus irmãos!

(Cecília Meireles, in Mar Absoluto e outros poemas: Retrato Natural. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983.)

Medo!



Nesses novos tempos, teme-se tudo, todos, qualquer coisa!

Você descobrir o seu lugar, poder dizer "é aqui que sou feliz!, não se importando em definir felicidade, mas apenas flutuar nas asas de um sentimento positivo e destemido, ah! como é raro!

E hoje tive esta visão, a percepção de que felicidade não precisa ser muito além de uma boa companhia que permita a seu coração se ocupar com preocupações tolas, como o que servir no jantar.

O mundo ao redor? Um poço, uma cloaca, um vira-mundo que procura puxá-lo ao menor descuido!

É preciso reagir, antes que todo este mundo se torne "um mar variável, onde todo temor abunda" (Mariot, Complainte 1er).

War!!!





Ah! Tempos modernos! As trombetas, não as de Josué, soando apressadas, com os arautos das desgraças (alheias, que fique bem claro!) ocupando a midia. Os bolsos, ainsiosos, aguardam o desenrolar dos acontecimentos.
D.H.Lawrence, um ídolo, soube primeiro:

Peace and War

People always make war when they say they love peace.
The loud love of peace makes one quiver more than any battlecry.
Why should one love peace?it is so obviously vile to make war.

Loud peace propaganda makes war seem imminent.
It is a form of war, even, self-assertion
and being wise for other people.
Let people be wise for themselves.
And anyhow
nobody can be wise except on rare occasions,
like getting married or dying.
It's bad taste to be wise all the time,
like being at a perpetual funeral.
For everyday use,
give me somebody whimsical,
with not too much purpose in life,
then we shan't have war,
and we needn't talk about peace.

(não sei de quem é a colagem, mas saquei-a em spectrum.weblog.com.pt/.../milionarios_de_1.html)

terça-feira, 4 de março de 2008

MIGUEL DE UNAMUNO




Con recuerdos de esperanzas
y esperanzas de recuerdos
vamos matando a vida
y dando vida al eterno
descuido que del cuidado
del morir nos olvidemos...
Fué ya otra vez el futuro,
será el pasado de nuevo,
mañana y ayer mejidos
en el hoy se quedan muertos.
Me he despertado soñando,
soñé que estaba despierto,
soñé que el sueño era vida,
soñé que la vida es sueño.
Sentí que estaba pensando,
pensé que sentia, y luego
vi reducirse a cenizas
mis pensamientos de fuego.
Si hay quien no siente la brasa
debajo de estos conceptos,
es que en su vida ha pensado
con su próprio sentimiento;
es que en su vida ha sentido
dentro de sí al pensamiento.
Flores da el amor al hombre,
flores entre hojas al viento,
mas también le da diamantes
duros, cortantes y escuetos.
No sólo el vapor calienta;
no llaméis frío a lo seco;
la carne enfría a menudo
y suele quemar los huesos.

Paul Reverdy



Rosto
Mal sabe de onde vens
Apesar da ruga que te marca
Apesar destas marcas em tua face
E dos movimentos de tuas mãos
Não quer que partas
Na cadeira só ficou um vazio
Uma forma vaga na sombra
O retrato a carvão no canto mais sombrio
Quase nada
Alguém passa a mão na parede
Na janela o vento irritado
Tudo fecha até amanhã cedo
Já deve estar longe na estrada



VISAGE

Il sait à peine d'où tu viens
Malgré la ride qui te marque
Malgré ces traces sur tes joues
Et les mouvements de tes mains
II ne veut pas que tu t'en ailles
Sur la chaise il n'y a plus qu'un trou
Une forme vague dans l'ombre
Le portrait au fusain dans le coin le plus sombre
Presque rien
Sur le mur quelqu'un passe sa main
Dans les volets le vent se fâche
Tout est fermé jusqu'au matin
Lui doit être loin sur la route