domingo, 26 de novembro de 2023

Um fósforo frio

 AH! estou me sentindo um "sobrevivente de mim mesmo, um fósforo frio...!. Dias de chuva, sem sol, tristeza escorrendo pelos olhos, fica difícil entender e tentar aceitar o que acontece nesse país. 



2023 não foi legal comigo, perdi tantos amigos queridos que a sensação é de ter embarcado em um navio sem tripulação, sem destino, sem companhia, sem nada... e a tempestade está logo ali. Fazer o quê?Caminhar, ainda que claudicante, é o que nos resta, é o que resta, é o que me resta. Não é fácil!



segunda-feira, 17 de julho de 2023

Aniversário

Passou o aniversário, né? Agradeço os votos, os abraços, as (poucas) lembranças. Sem clima, though. Meu estado de espírito está no poema "aniversário", de Álvaro de Campos, também conhecido como Fernando Pessoa, etc e tal. Não quero parecer ingrato, só o clima que nao era de festejos...

 Aniversário

 No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, De ser inteligente para entre a família, E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida. Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, O que fui de coração e parentesco. O que fui de serões de meia-província, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui… A que distância!… (Nem o acho… ) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa, Pondo grelado nas paredes… O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), O que eu sou hoje é terem vendido a casa, É terem morrido todos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio… No tempo em que festejavam o dia dos meus anos … Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez, Por uma viagem metafísica e carnal, Com uma dualidade de eu para mim… Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui… A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado, As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . . Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! … O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!…

domingo, 9 de julho de 2023

Mau, péssimo humor

 Repassando os posts, vejo que o judiciário brasileiro (minúsculas e medo, agora que falar mal é crime!) sempre foi uma pedra no sapato dos minimamente consequentes.

o único motivo real para ir em frente

Vc acredita no judiciário (minúsculas e pavor de um dia precisar me enfronhar nos meandros jurídicos)?? Caso positivo, tente me explicar as razões nos comentários. Não vale "ruim com ele, pior sem ele"!!

A guerra movida ao Inominável (Bozo, para quem chegou de Marte ontem e não deu tempo de ligar a TV), o descrédito lançado à Lava-Jato, a bajulação ao poderoso do momento, tudo isso me deixa desgostoso e suspechoso... 

Uma colagem 

Lula, o Relativo, tornou-se um exemplo para todas as crianças "desse" país e, num assombro que só surpreende o Curupira, Dona Janja tenta ocupar os holofotes a qualquer pretexto, esquecendo-se daquele ensinamento básico da Rita Cadilac: "o palco é de Painho". (Chacrinha, para quem acha que o mundo começou em 2011!).

Não podíamos ser mais felizes

2023, francamente, vai embora me devendo, a menos que providencie algo tão positivo que o negativo vai gerar uma corrente tão forte que destruíra todo medo e inconsequência.

Um ano triste, muito triste. 

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Em frente...

Nesse tempo ausente, muitas coisas....aconteceram, me aconteceram, aconteceram pelaí.... mas continuei fã da poesia, principalmente a poesia portuguesa, nova e de sempre.

Miguel Torga, um dos últimos post, escreveu o poema abaixo. Português, é um pseudônimo. Mas se ele queria ser conhecido assim, por que não respeitar. Googlem aí, vcs descobridores das verdades escondidas nos desejos recolhidos.

E eu vou em frente, a alternativa não interessa!!(no momento, bien sûr!).

Dies Irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!


Foto minha, o que se deduz pela qualidade impecável. Estudo para
um linocut, ainda em produção.

 

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Renovação


Retomando o blog, após todo esse tempo.

Tudo tão diferente que parece outra pessoa, outro mundo.

E tudo tão igual que dói...