domingo, 30 de agosto de 2015

Rio de Janeiro, gosto de você



C'est à vous de rêver et de faire des songes
Puisqu'en vous il est vrai que songes sont mensonges."

L'Etourdi, IV, 2 (v. 1387-1388)

Uma frase falsa, a do título, é claro,  considerando o que fizeram com esta cidade e o que estão fazendo. Moliére estava certíssimo... canções são mentiras!
Vc é capaz de imaginar uma legenda para essa foto?

Esta semana li uma explicação até que aceitável para os motivos de a cidade não guardar lembranças, não querer ter prédios de 50 anos, mas sim de 200. Na impossibilidade, destrói-se tudo! Uma pena.

Conversas do café da manhã rendem assunto, a mais não poder. Nessa manhã gloriosa de inverno/outono/verão - somente o Rio tem três estações em um dia só-, o assunto era o que a cidade vem fazendo -ou não, né Caetano?- consigo mesma. Conseguimos levantar alguns exemplos e, lógico, gostaríamos de alguma notícia que ajudasse a não pensarmos que tudo aqui é levado pela má fé e pelo obscurantismo disfarçado de bom-mocismo.

Para não deixar dúvidas do que estou falando!
1) O Canecão!!! O que foi que aconteceu, e o que vai acontecer? Desde 2009 nas mãos da UFRJ, sim, a famigerada Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde as pessoas se formam sem ter aulas, já que os professores passam 57% do tempo em greve. Não é preciso ser formado lá para saber que não é possível formar nada nem ninguém dessa forma. Mas não é essa a questão aqui. O que será feito do Canecão? Típico do caso de "nem eu, nem ninguém", do célebre e infeliz PR (Partido dos Ressentidos, tão característico dos Ptistas). Que tivessem ocupado o Canecão com manifestações sociais, festivais de música latino-americano, coisas poncho e conga, feiras estudantis, nada disso incomodaria mais do que largar no tempo e permitir a deterioração de um patrimônio carioca.
Já pensaram?

2) o Instituto de Arquitetura e Design, que seria formado no antigo Cassino da Urca! Hoje, abriga o Instituto Europeu de Design, com todas  as atividades voltadas para os cidadãos do Rio. (Sarcasmo, gente, amargo, que estraga o apetite!). Na Wikipédia: "Por anos, ficou vazio, mas, desde 21 de novembro de 2006, o cassino, que estava sobre posse da prefeitura, foi alugado ao Instituto Europeu de Design, que irá investir 17 milhões de reais em troca da concessão de 50 anos para uso do local. O Instituto Europeu de Design pretende instalar no local uma "incubadora de projetos para pensar o Rio". Ao iniciar sua atividade, depois de concluídas as restaurações do antigo prédio, foi a segunda maior filial. Contudo, se as obras de restauração têm progredido, o funcionamento da escola no prédio, a que se opõe uma parte significativa dos moradores do bairro, foi impedido por uma decisão judicial do Ministério Público, por falta de numerosas autorizações, como estudos de impacto (trânsito etc.). Entre outros obstáculos à ocupação do prédio pela escola de design, podemos citar também o zoneamento vigente naquele local da Urca, que exclui a possibilidade da implantação de um estabelecimento de ensino superior. Porém, em dezembro de 2012, uma nova decisão judicial falou que o IED Rio pode abrir as portas no prédio. Os cursos foram iniciados em 2013 e o IED Rio foi inaugurado em 27 de maio de 2014.". 
Mais um caso de "nem eu, nem ninguém!"


Plantas originais do Copacabana Palace, encontradas em Campinas! Não poderia ilustrar melhor!

3) O Teatro Copacabana, sabe Deus porquê está fechado há tanto tempo!! UM patrimônio da história cultural do Rio. As investidas do então Rioarte não deram em nada e, de lá para cá, está entregue aos cupins, baratas e ratos. Simples, mas triste.


4) O Automóvel Clube, no Centro da cidade, um prédio espetacular, sem destino algum.

E a lista segue, praticamente infindável. Os teatros ressentem-se da falta de vida cultural, de estímulo às realizações que a década de 90 viu florescerem pela cidade toda, a Rede de Teatros, as Lonas, etc.
Onde andam os festivais de dança, de teatro, as companhias médias com ingressos a preços aceitáveis? Vida cultural não pode ser O Corpo no Municipal, companhias caríssimas na Cidade das artes. Há realizadores, abnegados que insistem em trabalhar mesmo com o desestímulo e enfrentamento (!!!!) do poder público.

Não basta acabarem com a cidade, com essas obras espúrias, sem consultas, com o único objetivo de florear um currículo que está mais para folha corrida. Pena, Rio, um lugar que escolhi para viver, mas que está dando sinais de que não gosta de quem gosta de você.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Magenta



(Para a Sônia, lembrando de nossas tardes na varanda, noites na cozinha, conversas sob o marulho das ondas...onde andamos?)

Magenta

Eram seus olhos,
sua pele,
tudo seu.
Magenta, como no poema,
Magenta, como na canção,
aquela cor impossível,
como viver novamente

tardes de crepúsculo...