segunda-feira, 17 de julho de 2023

Aniversário

Passou o aniversário, né? Agradeço os votos, os abraços, as (poucas) lembranças. Sem clima, though. Meu estado de espírito está no poema "aniversário", de Álvaro de Campos, também conhecido como Fernando Pessoa, etc e tal. Não quero parecer ingrato, só o clima que nao era de festejos...

 Aniversário

 No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, De ser inteligente para entre a família, E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida. Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, O que fui de coração e parentesco. O que fui de serões de meia-província, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui… A que distância!… (Nem o acho… ) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa, Pondo grelado nas paredes… O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), O que eu sou hoje é terem vendido a casa, É terem morrido todos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio… No tempo em que festejavam o dia dos meus anos … Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez, Por uma viagem metafísica e carnal, Com uma dualidade de eu para mim… Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui… A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado, As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . . Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! … O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!…

domingo, 9 de julho de 2023

Mau, péssimo humor

 Repassando os posts, vejo que o judiciário brasileiro (minúsculas e medo, agora que falar mal é crime!) sempre foi uma pedra no sapato dos minimamente consequentes.

o único motivo real para ir em frente

Vc acredita no judiciário (minúsculas e pavor de um dia precisar me enfronhar nos meandros jurídicos)?? Caso positivo, tente me explicar as razões nos comentários. Não vale "ruim com ele, pior sem ele"!!

A guerra movida ao Inominável (Bozo, para quem chegou de Marte ontem e não deu tempo de ligar a TV), o descrédito lançado à Lava-Jato, a bajulação ao poderoso do momento, tudo isso me deixa desgostoso e suspechoso... 

Uma colagem 

Lula, o Relativo, tornou-se um exemplo para todas as crianças "desse" país e, num assombro que só surpreende o Curupira, Dona Janja tenta ocupar os holofotes a qualquer pretexto, esquecendo-se daquele ensinamento básico da Rita Cadilac: "o palco é de Painho". (Chacrinha, para quem acha que o mundo começou em 2011!).

Não podíamos ser mais felizes

2023, francamente, vai embora me devendo, a menos que providencie algo tão positivo que o negativo vai gerar uma corrente tão forte que destruíra todo medo e inconsequência.

Um ano triste, muito triste.