segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Poesia nesta hora?

É o melhor remédio....
O livro Antologia da Poesia Erótica Brasileira traz coisas ótimas, poetas nem tão conhecidos, além dos de sempre.
O poema abaixo é de Augusto Meyer, gaúcho que trabalhou à beça. Pouco conhecido, uma pena...

Não consegui descobrir a autoria da colagem...


À Maneira de Mim Mesmo

Bonita.
Me dá o teu corpo de álamo novo
e o ninho vermelho do teu beijo.

Por causa da sombra dos cílios, longa,
por causa do corpo flexível, lindo,
achei a loucura, perdi a cabeça.
Se for caso sério, só mesmo rindo...

Não acho mais graça no livro: raiva!
Pobre cigarro, fuma que fuma.
A tarde murmura um segredo morrente
nas folhas do plátano. Eu platônico?

Bonita, tem pena, tem pena da gente.
Por causa da sombra dos cílios longa
por causa da polpa do lébio morno,
me dá o teu corpo, me dá o teu corpo!

PS.: A alma não quero, me sobra uma!!

em Poemas de Bilu.

domingo, 25 de novembro de 2018

Poesia moderna portuguesa


A imagem pode conter: flor
Colagem de Ana Cristina Pereira, a necessária Hannah23...
Nossas caravelas nunca apontam para Portugal... uma coisa meio edipiana, eu acho, essa recusa em admirar, curtir mesmo,o que vem de Portugal.  Aquela antiga argumentação: "Mas não dá para ver filme português sem legendas"  é, comprovadamente, uma daquelas verdades ofensivas....Portugal precisa vir mais, precisamos ir mais a Portugal, não como um porto, mas como um destino.
A poesia abaixo é de Tiago Nené (os acentos portugueses, gente!). Novinho, tem apenas 36 anos, mas o poema dele para o filho - posto outro dia, não estou no clima!- é um dos poemas mais bonitos dos últimos tempos meus.

Em homenagem a ele, coloquei na playlist uma música do Antonio Azambujo, no disco "Até pensei que fosse minha...", onde ele canta apenas músicas do Chico Buarque de Holanda. Achei digno!( Mas não consegui!!! Ficou só um pedacinho aí embaixo....)

O TERRAMOTO
[a uma pessoa intemporal]

querida joana, o terramoto apanhou pessoas que faziam amor,
pessoas que morriam de uma causa lenta e dolorosa,
pessoas que celebravam contratos com apertos de mão,
pessoas com instrumentos na terra fértil,
pessoas que faziam de conta, pessoas sem relógio.
os que faziam amor perpetuaram-no, os que morriam
viram a sua morte impedida por uma colectiva e mais bem aceite,
os que celebravam contratos perderam as mãos coladas,
os que trabalhavam na terra fértil foram soterrados,
os que faziam de conta procuraram cumprir uma promessa,
os que não tinham relógio escaparam ao tempo.
meu amor, sermos egoístas é tentar impedir que as coisas mudem,
sermos intensos é não respeitar causas e efeitos,
espero-te no meu futuro, ainda que ele não seja
o efeito directo de um presente que ainda treme muito.


Apesar do estranhamento da grafia original, é de uma beleza dolorosa. "Sermos egoístas é tentar impedir que as coisas mudem!"... que mude tudo, então.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Frank O'Hara

Poeta americano, morreu atropelado por um jipe quando estava, digamos, repousando ao sol na ilha de Fire Island junto com um "amigo" (ah! os eufemismos que os novos tempos nos obrigam!!!). Tem poemas ótimos e péssimas traduções em português, uma delas me fez contatar o tradutor e perguntar o que ele estava pretendendo! Sabe quando o tradutor acha que pode fazer melhor que o autor??? Pois é...
Esse é um dos poemas mais famosos do O'Hara, provavelmente vcs já viram, pelo menos, uma parte dele por aí.
#colagem #mosaíco #retrô #vintage #moderno #popart #estherzancan #coca-cola
Colgem disponível em Urban Arts, sem autoria definida.

Having a Coke with You


is even more fun than going to San Sebastian, Irún, Hendaye, Biarritz, Bayonne
or being sick to my stomach on the Travesera de Gracia in Barcelona
partly because in your orange shirt you look like a better happier St. Sebastian
partly because of my love for you, partly because of your love for yoghurt
partly because of the fluorescent orange tulips around the birches
partly because of the secrecy our smiles take on before people and statuary
it is hard to believe when I’m with you that there can be anything as still
as solemn as unpleasantly definitive as statuary when right in front of it
in the warm New York 4 o’clock light we are drifting back and forth
between each other like a tree breathing through its spectacles

and the portrait show seems to have no faces in it at all, just paint
you suddenly wonder why in the world anyone ever did them
                                                                                                              I look
at you and I would rather look at you than all the portraits in the world
except possibly for the Polish Rider occasionally and anyway it’s in the Frick
which thank heavens you haven’t gone to yet so we can go together for the first time
and the fact that you move so beautifully more or less takes care of Futurism
just as at home I never think of the Nude Descending a Staircase or
at a rehearsal a single drawing of Leonardo or Michelangelo that used to wow me
and what good does all the research of the Impressionists do them
when they never got the right person to stand near the tree when the sun sank
or for that matter Marino Marini when he didn’t pick the rider as carefully
as the horse
                               it seems they were all cheated of some marvelous experience
which is not going to go wasted on me which is why I’m telling you about it


Os comentários são abertos, é só escrever....

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Sophia, ah! Sophia


Voltamos, eu e a poesia... toda semana, um poema, na língua em que eu conseguir compreendê-lo....
Começo com ela, a Sophia... Uma antologia publicada pela Cia das Letras, média, não recomendo a compra, a menos que vc não tenha nada dela.
Agora, quer investir? A Poesia de Sophia, publicada pela Assírio e Alvim de Portugal... tinha na Travessa, apesar do preço abusivo...
E, sempre que possível, procurarei ilustrar o poema com uma colagem. Depois do workshop com a maravilhosa e necessária Ana Cristina Pereira ( former Hannah 23!), eu estou fissurado em colagem!
Então, vamos lá:


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, flor, listras e planta
Colagem de Ana Cristina Pereira (Hannah 23).
Eu me perdi

Eu me perdi na sordidez do mundo
Onde era preciso ser
Polícia agiota fariseu
Ou cocote

Eu me perdi na sordidez do mundo
Eu me salvei na limpidez da terra

Eu me busquei no vento e me encontrei no mar
E nunca
Um navio da costa se afastou
Sem me levar

Paisagem

" Lavaram-se as janelas....
e veja muito nítida a minha solidão!"



Toda semana, um poema. Esse, por ora, é meu... ando pensando muito.

domingo, 11 de novembro de 2018

Lembrete

Tenho visto várias postagens atribuindo ao governo que ainda vai tomar posse várias mazelas que nos perturbam. Nem falo dos fluminenses em particular, falo genericamente, do produto nacional mesmo! Loucos por apontar um dedo, sentam no rabo imundo....
Parece que o pessoal está precisando de alguma ajuda, então, vamos lá:
1. Atual Presidente do Brasil: Michel Temer, que era vice-presidente da Dilma Roussef, que foi eleita por dois governos, sucedendo dois períodos de Luis Meliante nº 1;
Só um toque no ombro, que é para chamar a atenção...
2. Atual Ministro da Segurança Pública: Raul Jungmann, nomeado em fevereiro de 2018, pelo atual Presidente (ver 1.)
3. Atual Ministro da Educação: Rossieli Soares da Silva (podem consultar o site do ministério, é verdade: http://portal.mec.gov.br/gabinete-do-ministro/quem-e-quem )
4. Atual Ministro da Fazenda: Ministro Eduardo Guardia;
5. Atual Presidente do Banco Central: Ilan Goldfaj.
Eu não votei no Bolsonaro, não voto no PSL nem amarrado, mas não tentem me fazer de idiota. O país está como está devido aos dezesseis anos de governo (aqui, vc pode rir até estrebuchar! Pode descontar os quatro primeiros anos do Meliante nº 1, tudo bem, então são 12 anos!). O Temer está onde está porque "compôs" uma chapa com o pessoal do PT (isso, aquele ex-vermelho!), para que eles pudessem ter maioria no congresso (minúsculas e muita risada), pudessem nomear os membros do STF (oito dos 11 membros, ninguém faz conta, MDC!!). O Toffoli (não consigo pensar nele sem o chapeuzinho de burro na cabeça!) não passa em concurso, mas quer posar de mediador nacional.
OU por alguma coisa boa de comer...
O País, até fevereiro deste ano, era o país com o maior número de crimes de ódio e homofobia NO MUNDO.... então, devagar com o andor, senão vou acabar pensando que os que escrevem essas asneiras estão tentando enganar as pessoas, confiando no esquecimento-padrão do povo brasileiro.
Em geral, por favor: imprimam essa tabelinha e antes de escrever asneiras, pensem e vejam se não estão dando um tiro no próprio pé! Pode não estar doendo agora, mas que estão, estão!!

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Retorno, por favor.

Assim começa minha avaliação do Rancho Português, restaurante do Rio, que fica em Ipanema. O barulho feito pelas mesas ao nosso redor era tão alto que os três à mesa saíram com dor de cabeça e ficou devidamente comprovado que olhares de reprovação não exercem qualquer efeito em quem não tem "senso de noção".... Aquela moça nunca teve um amigo verdadeiro!
Segue abaixo:
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Ao contrário do Tim Maia, eu peço por favor! Ele juntava alguns palavrões se, por acaso, sentisse que o som não estava bom! E assim era....
Qual a razão para os restaurantes do Rio não se preocuparem com a acústica? Duas mesas ao nosso redor conversavam - bem, suponho que chamam aquilo de conversar, mas a moça poderia ser eleita a Sirene do Apocalipse que ninguém acharia uma injustiça!- em uma altura tão exagerada que TODAS as mesas, mesmo a barulho n. 2, olhavam em sua (dela) direção, quando demonstrava algum entusiasmo.
Melisma, né? Aqueles gritos prolongados em certas partes das músicas.... a moça deveria ser chamada de Madrinha dos Melismas....
Ao que interessa: reservas honradas, esquadrão classe A, somelier a postos, aparentemente permite rolha (não foi nosso caso, é melhor ligar e perguntar), talheres bons, guardanapos de tecido, louça boa....oba!...Mas não era a Casa Cor e sim um restaurante, então os bolinhos de bacalhau deveriam fazer jus ao nome e terem algum... a brincadeira à mesa passou a ser identificar algum vestígio do membro da família dos gadídeos, mas estava difícil. O gosto era bom, mas faltou o bacalhau com que o bolinho era batizado....
Os pratos são gigantescos...mesmo.... pessoas normais dividem um prato em quatro pessoas, tranquilamente. A menos que vc seja um refugiado que acabou de desembarcar nas praias do Rio, mas aí .... Nossa bacalhau estava excelente, mesmo,  as postas se desfaziam em lascas e os legumes estavam no ponto correto. E o serviço se manteve atento e atencioso durante todo o jantar..
O carrinho de sobremesa é o sexto círculo do inferno de Dante: o que comer??? Tudo parecia bom. A siricaia estava muito gostosa e o café valeu a repetição, com elogios.
O preço é de bacalhau, não de sardinhas, então, não se assuste. Considerando a possibilidade de dividir entre muitos, fica menos traumático para as carteiras.
E os vinhos? Bom, uma carta recheada de vinhos portugueses, todos caros, considerando-se que são vinhos mais conhecidos e disponíveis nas casas de bebida por aí. Poderiam ser mais acessíveis, o que garantiria um consumo maior. Não dá para tentar? Vinhos de 36,00 no supermercado a 197, fica um pouco exagerado...Mas a ocasião era festiva e as cervejas fizeram bem o seu papel...mas o vinho fez falta!
Vão em grupo, para melhor dividir os pratos. Um casal... acho que eles fazem meia porção, mas, se vc está pensando em impressionar o broto....
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Foi isso, quer dizer, posso ter exagerado na complacência com a moça que gritava, nunca amaldiçoada o suficiente... Teria quebrado um pé? Brigado com o namorado, pobre alma ensurdecida? A ignorância nos permite delírios....

domingo, 4 de novembro de 2018

Ah! Dores de tudo...

Nick Cave, acho que vcs conhecem, um roqueiro que foi atingido pela tragédia que dizem ser "sem nome":a morte de um filho! Caiu de um penhasco na Inglaterra, quinze anos...e desde então, ele tem reduzido as entrevistas, sabendo (ou imaginando) que este é um tema que sempre virá à tona.
Não tenho filhos, nunca tive, não vou ter. Mas nem consigo imaginar o que seria perder um filho. Como escreveu Nick, é o caso de se ter medo das coisas que possam vir a ser ditas.
Eu gosto muito, muitíssimo, de algumas das músicas dele. Nâo é o caso aqui. Aqui, é a resposta que ele deu para uma fã, que perguntou sobre a morte do filho! Pra quê?....
Lá vai....
Para alegrar seu dia, a música Into my Arms, dizem que feita para curar uma dor de cotovelo com o fim de namoro com a PJHarvey....



De nada...

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Futuro pré-histórico

Não há como começar sem lembrar algumas coias, considerando-se a reação dos derrotados nas eleições do segundo turno.

Procurando, acha...

O PT foi contra a Constituição de 88 - podem negar, dizer que não é bem isso, que queriam mudanças mais fortes, etc, mas foram contra (clique para ver!)!- e só a assinaram depois de promulgada, devido a uma obrigação constitucional e legal. É a História, queridos, não dá para deixar mais barato. O próprio Lula reconhece isso, então ficamos acertados.

O PT foi contra o Plano Real. Preciso ir buscar nos livros de História ou nos alfarrábios internetianos? Acho que não! Mas ainda assim, aí vai:clique aqui! E você verá que o próprio Lula reconhece os méritos do plano. Por meios um tanto quanto transversos, mas reconhece! E é possível esquecer os discursos inflamados (bom, uma redundância, em se tratando dela) da Conceição Tavares, tentando destruir o Plano?

O PT foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Desta vez, para variar, quem confirma é a ex-Presidanta Dilma: clique aqui! E o candidato derrotado queria reformulá-la!!!


O PT pegou um país encaminhado, com possibilidades reais de melhorar, e conseguiu nos primeiros quatro anos, melhorar um pouco as condições de muita gente. Mas depois.... do segundo governo em diante, chamar de governo é um elogio e tanto! Destruíram o que conquistaram e o que haviam conquistado antes deles. Os que melhoraram hoje estão aí, de novo, à beira da miséria, e o que é pior, sem muita possibilidade de melhoria a curto prazo. A situação é outra...


Qual a razão para essa diatribe anti-petista???, diriam alguns amigos um tanto quanto cegos pelo fanatismo.
Primeiro, não é uma diatribe anti-petista, é uma recapitulação histórica para fundamentar o que segue:

A razão é super-positiva: tudo o que essa gente foi contra acabou em bom resultado, deixando algumas possibilidades para o país. Daí que as chances do Bozo (três toques na madeira, mão direita no saco (quem não tem, pegue emprestado, mas cuidado para não apertar!) vir a dar algum resultado positivo são grandes.


Vamos torcer para que a Camarilha do Treze continue falando mal e ficando "vigilante" com o novo governo, a partir de janeiro. Vão nos poupar de vigiar, o que é um alívio!

Torcer contra, ok! Mas agir contra é um tanto quanto escroto, né? Vamos falar mal, tá bom assim...e podem contar comigo para ajudar a aumentar o volume quando qualquer lei for violada pelo Bozo.

E, imperdoável nessa história toda, foi o comportamento do Ciro, que recebeu meu voto no primeiro turno e receberia em 2022. Perdeu, Cangaciro, pelo menos o meu voto você perdeu.
Tratando-se deste assunto um tanto quanto......árido, os comentários estão abertos a quem quiser, mas é obrigatório ser educado, senão, deleto! Palavrões e ofensas, reservem para o recesso de seu lar.


domingo, 14 de outubro de 2018

Ai, ai, ai

O Rio de Janeiro anda estranho...coisas que acontecem e que não podem ser explicadas à luz da razão. Quer dizer, eu distraído sou um páreo duro para Saki (googlem aí que não estou para Mary Poppins esses dias!!), falo algumas coisas que me causam arrependimento profundo....mas, em certos aspectos, sou como nosso presidiário-mor, não assumo culpa, já que nada é meu.

As mulheres de rua por aqui usam as crianças para tentar nos comover, sem atentar que a repetição (da criança e dos pedidos, afinal, estão sempre com um nos braços e outro na barriga!) afasta o contribuinte com alguma culpa a ser expiada. Eu não tenho, minhas culpas foram resolvidas com uma contribuição à campanha do Alckmin, nada mais destinado ao fracasso, não é verdade?

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Bolo, sem culpa!
Narro aqui uma história triste, que pode ser encarada de forma mais leve, light até, se vc pensar que o dia da criança esteve por perto.

Abriram uma loja de bolos aqui perto de casa. Vão abrir mais duas, uma delas de propriedade daquela moça que atormenta as manhãs de todo mundo, que não é pirata, mas tem sempre um periquito no ombro.

"- Moço, paga um bolo pra mim?", diz a moça, carregando um daqueles bebês-sacolas-a-tiracolo.

Como vcs sabem, eu me recuso a partilhar da culpa generalizada. Nada me perguntaram, nem pediram, quando fizeram o novo ser-sem-perspectiva. Tivessem pedido, teria lhes dado uma camisinha.Então, entrei com:

"-Não está dando!Bolo tá caro!" - afinal, economia é da hora! O novo governo é uma incógnita, qualquer seja ele!
"-Mas é meu aniversário! Tô triste!", em uma dialética desenvolvida na necessidade diária de tocar a alma das pessoas.
"-No meu, tomei água! Bolo está pra rico!", sigo eu, sem compaixão alguma.
-"E se for pra criança, o senhor paga?", num último apelo que é uma apelação.
-"Criança não pode comer bolo!Açúcar faz mal!". e, um Herodes redivivo nesses tempos em
que se regojiza com garotinhos impedidos de entrar na brincadeira, segui meu caminho.

sábado, 13 de outubro de 2018

Passeio pelo Centro



Ah! O Rio antigo, Cinelândia, Palácio Monroe, Amarelinho, Cine Vitória....
A semana começou mal, péssimamente péssima demais, com o anúncio do fechamento da Livraria Cultura do Centro, onde era o antigo Cine Vitória. Uma livraria linda, que combatia o cartel em que se transformou o negócio de livros na cidade.....Por essas e outras, volto a comprar dos camelôs, sem perguntar onde conseguem os livros.... dá uma certa paz de espírito, mas apenas "uma certa...."



Fomos ver as exposições do MNBA e do Centro Cultural da Caixa, destinado, pelo que se soube, a acabar ainda este ano. Por partes:

Apesar da placa, o MNBA não é acessível! Alberto estava com bengala e não há rampa ou acesso facilitado para a entrada de pessoas com dificuldades de locomoção. Prédio tombado, o que não permite descaracterizações? Pode ser, mas ainda assim, não mereceria a placa. Depois, a bilheteria....não há divulgação do preços dos ingressos, a atendente tem de ser perguntada. Não sei se ela seria capaz de atender estrangeiros, mas tudo seria mais fácil com os preços devidamente divulgados ali, como em todo e qualquer museu do mundo! Baratíssimo, mas deveriam fazer como os museus ao redor do mundo estão fazendo: descontos ou gratuidade para os moradores da cidade onde está localizado!! Após a compra dos ingressos, elevador..."Tem, mas está em falta!"...e como é que eu faço?  Não faz, volte outro dia com dois amigos parrudos para carregá-lo escada acima, pareceu dizer o guarda... Vão dizer que há elevadores, mas se não funcionam, não há... e se não é permitido usá-los, também idem!!Uma brincadeira de mau gosto!
 As exposições - Gravuristas, o Negro na arte (muito pobre, não o negro, mas a exposição!)e outras menos votadas foram ótimas, os textos esclarecedores, mas não vi loja, nem café...Em breve, talvez? Igual ao Canecão? Ao Museu Nacional? Muito gente à toa, muitos guardas checando os smartfones (acho que deveria ser proibido portá-los durante o trabalho), uma criança pendurada no globo logo à entrada sem que ninguém a instruísse sobre o que estava acontecendo....e o que poderia acontecer... mas ainda é uma passeio que vale a pena ser feito, se vc....

AH! esse "se" aí... é preciso pular sobre os pedintes deitados pelas calçadas, os cocôs, ter resistência atômica para atravessar as nuvens de amônia e uréia dos xixis por todo o canto, escapar dos lixos voadores, e não adianta pedir socorro ao bispo! É o prefeito e ele não parece gostar da cidade que o elegeu, apenas dos seus correlegionários.Não vimos um,one, un, adin, ichi, guarda, militar ou municipal...não seria o mínimo, nas proximidades dos museus? e do Teatro Municipal??ou eu entendo tudo errado? A praça em frente ao Municipal exala um cheiro tão ruim que parece que mergulhamos nas Fossas de Caracala, no tempo em que eram usadas.... e os moradores de rua (ah! um problema social, como se não fôssemos todos!), e ... ao CC da Caixa, que era nosso destino....
A imagem pode conter: área interna
Os programas, aqui em casa
 Andar pela cidade tem dessas coisas: surpresas, boas e ruins, nos lugares mais improváveis. O clima de repartição do CCC (eu não iria usar a sigla, nesses tempos bolsonarianos, mas encurta bastante!...rs) é triste, os funcionários mal erguem os olhos dos smartfones, o pessoal da segurança responde aos cumprimentos somente a fórceps (ainda existem?), tem a vantagem de ser gratuito, mas não deveria...Vimos duas exposições surpreendentes pela qualidade, montagem e tudo o que se espera: as fotos de Serguei Maksimishin e as de João Machado, em O Sertão....Folhetos de boa qualidade, iluminação bastante razoável e as fotos, ótimas, de ambos, que divertiram por um bom tempo. Recomendo!!!
A imagem pode conter: 1 pessoa
A foto de Maksimishin de que mais gostei!!! Mas há outras maravilhosas tbm!

O que não posso recomendar: que vc ande sozinho pelo centro da cidade, principalmente nos finais de semana; que vc não pareça um gringo em sua própria cidade, senão virará alvo de todos e tudo que há de podre por aí; que vc vá com fome, ou senão estará condenado à comida de ambulantes ou dos restaurantes caça-tostões da Cinelândia. E, mais do que tudo, o que eu não recomendo: que vc acredite em uma palavra sequer de nossos políticos, sejam eles quem forem!! O Rio é a prova de que eles, com raras e ainda incógnitas exceções, não pensam no povo da cidade de São Sebastião. Morte à política!!! Viva a Política!!

De volta

Voltando.... depois das eleições, abandono as redes sociais mais conhecidas e vou me concentrar aqui. Novos aprendizados, vídeos, fotos, permitirão que eu aproveite mais os recursos de que o blogspot dispões. Vamos ver,  mas FB e Instagran... adieu, mes chérs amis....non plus!!

E a situação política é que me traz de volta ao blog, os que quiserem saber  ou se divertem com o que escrevo, pelo ignorância das minhas palavras ou não, terão de vir aqui, no espaço onde "sou rei absoluto da minha simpatia. Faça com que ela exista para que tenha razão de existir"!!!!

Pensando sobre a situação do país, esse maniqueísmo escandaloso de podre, essa dicotomia cultivada com carinho e atenção durante vinte anos, sempre penso em Santo Agostinho e suas lições. "Pô, Manoel, Santo Agostinho??? Too old para servir de algo!". Mas aí é que está, os que se acham mudernos, os que pensam as novidades, estão simplesmente repetindo o que já foi dito há milênios, em outras circunstâncias, em outros ambientes, mas nem por isso perderam o seu valor.

Alguém escreveu alguma coisa parecida e eu concordo totalmente. O grande causador do estado de coisas que atravessamos tem nome, endereço e culpa no cartório: tivesse Lula tido a grandeza e hombridade de reconhecer seus erros, de vir a público expiar uma culpa da qual não pode se afastar, mostrasse ele um arrependimento que não viu a luz dos holofotes que tanto Lula buscou, os eleitores e não simpatizantes de suas ações estariam àvidos para perdoá-lo, a reconduzi-lo à direção do país, no esquema de : "Vá, e não peques mais!".. difícil de acreditar, mas o que, nesse cenário, não é difícil de acreditar?

Santo Agostinho, a respeito do arrependimento: " “Depois do pecado tenha esperança na divina misericórdia; antes do pecado tema a justiça divina . E assim é, com efeito. Porque não merece a misericórdia de Deus aquele que se serve da mesma para ofendê-lo. A misericórdia é para quem teme a Deus e não para o que dela se serve com o propósito de ofende-Lo . Ai daquele que para pecar confia na esperança! A quantos essa vã ilusão tem enganado e levado à perdição”.

Vamos substituir "Deus"  por povo, e pronto! É o retrato, pronto e retocado, do nosso querido Primeiro-Presidiário! E ainda faltam doze processos!!! E sua alternativa, tornada real pelos seus próprios pecados, está a devorar tudo que ele construiu, antes da cadeia e tentou de dentro dela. Nunca se importou com as consequências, talvez por nem ter noção do que poderia causar, coisa de que duvido muito.


Como sempre, alerto: este não é um espaço democrático, se eu não gostar do comentário, deleto, pura e simplesmente. Não estou fazendo campanha, só pensando. Meu voto é nulo, essa vez é a primeira... e eu, que sempre fiz campanha contra o voto nulo!

sexta-feira, 16 de março de 2018

Viva a diferença!

A ideia é e era escrever sobre a morte de Marielle Franco, a vereadora que foi assassinada no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 14 de março, dia do PI (3/14, vcs sabem, é assim que se escreve data em inglês, que manda no mundo e, portanto...). Mas não dá! A frase inicial de nosso café da manhã, em conversa que, obrigatoriamente e sem lei é realizada há vinte e seis anos, foi: "É, não vamos ver um mundo melhor!" E é triste constatar que as possibilidades se reduzem a cada dia, pelo menos na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, cujo padroeiro resolveu transformar-nos, todos, em mártires... seria uma vingança através dos tempos??

Resultado de imagem para marielle franco
Essa é a foto dela de que mais gosto:orgulho, amor e esperança! Perdemos, mulher!

Não, eu não sou Marielle!!! Ela morreu exatamente porque era diferente, porque tinha ânimo para se levantar e lutar por um mundo melhor, porque tinha força mental para sair de casa e procurar por alguma ação que provocasse, mínima que fosse, uma ondulação nesse marasmo diário e inconcebível que nos cerca.

Marielle morreu porque era diferente, em razão de um olhar cheio de amor pelo outro, ainda que soubesse que o outro nem sempre era merecedor. Tinha força de vontade, e aí temos de trazer do passado Rollo May, citando o analista Alan Wheelis, onde diz (é um pouco longo, mas aqui não é o Tweeter!): "Entre as pessoas cultas, o uso do termo "força de vontade" tornou-se, talvez, o mais ambíguo distintivo da ingenuidade. Caiu de moda procurar, por seus próprios esforços, sair de uma situação de sofrimento neurótico; pois quanto mais forte a vontade, mais provável que seja chamada de "manobra contra o medo". Como antigamente nosso destino era determinado pela vontade, é agora determinado pela vida mental recalcada. O homem culto de hoje põe as costas contra a roda e, ao fazê-lo, talvez a impeça de girar. Assim como a vontade se desvalorizou, o mesmo se deu com a coragem; essa só pode existir a serviço da primeira e dificilmente será mais valorizada que aquilo a que está servindo. Com a compreensão da natureza humana ganhamos o determinismo e perdemos a determinação".

E isso foi escrito em um tempo sem internet, sem haters, sem vários dos ícones que nos movem através desse éter de ignorância, com pouca ou nenhuma iluminação.

Precisamos voltar a valorizar a vontade, o amor ao próximo, nem que para isso tenhamos de colocar o próximo em grilhões e que o façamos ouvir à força. Um compulsório de humanidade, eu diria, algo como "Viu alguém sofrendo, compadeça-se ou então leva porrada!".

É de porrada que precisamos, diz o Alberto, e eu estou desenvolvendo a tendência de concordar com ele. Está cada dia mais difícil de aceitar que quem luta seja ingênuo, que quem peca seja sofredor, que quem morre seja mártir. Transformarmos todos em vítimas nos levará a uma cova rasa, cheia de justos e pecadores, cheias de Mireille e Priscilas (uma médica assassinada no mesmo dia que nosso assunto de hoje!), cheias de tudo o que cabe ali, independentemente de um olhar mais piedoso ou mais raivoso.

Marielle morreu porque era diferente, em um mundo em que ser diferente ficou impossível!!! Marielle morreu porque era diferente, porque era bissexual - chamada de O Globo na "cabeça" da matéria sobre a vereadora, como se isso importasse ou tivesse alguma relevância, no momento ou fora dele. E é preciso que a diferença de Marielle seja valorizada, que o ser diferente que Marielle era seja presente em nossa sociedade, que o ser diferente que era Marielle seja aceita sem "tolerância", "compreensão" e "olhar cheio de amor".

Marielle era diferente e por isso Marielle era única! Se notaram, não substituí o nome de Marielle por pronome em nenhum momento. A razão, é claro, é que pessoas como  Marielle são insubstituíveis!

sábado, 27 de janeiro de 2018

Uma semana para lembrar...

Toda essa conversa sobre igualitarismo, igualdade de direitos, igualdade de tratamento, tudo isso ressalta o que nos fere os olhos: desaprendemos a conviver com as diferenças. Para que não seja preciso respeitar quem é diferente, tornamo-os iguais, nos defeitos e nas (poucas) qualidades.

A equidade (quase equino, mas não tem a ver, mesmo!) é que seria a norteadora de todo esse movimento. Vejamos: a definição dicionarizada de equidade é

...

  1. 1.
    apreciação, julgamento justo.
  2. 2.
    virtude de quem ou do que (atitude, comportamento, fato etc.) manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos

....

Precisaria de algo mais para que vivêssemos em paz, conosco e com o outro? A esse olhar destrambelhado, juntem-se as expectativas, as que nutrimos a nosso respeito e a respeito do outro. Pronto, estamos com um campo minado pela frente, prontos a detonar alguma violência à menor provocação (em qualquer sentido!).

Aparentemente, os freios sociais - regras, hábitos de comportamento, exemplo- não funcionam mais, já que os exemplos são péssimos, não há muito daquela imagem de alguém em quem se espelhar sem danos quase irreparáveis.

Na semana, a condenação do ex-presidente, o tal pai dos pobres, o exemplo de que, com esforço, (quase) tudo é possível, a condenação de Lula jogou muita gente em um poço de onde não há saída a não ser culpar alguém por tudo o que aconteceu. nosso judiciário (minúsculas, mesmo depois de ponto final) continua sem merecer a menor credibilidade, tal a quantidade de "uma no cravo, duas na ferradura", e é sempre bom lembrar que Gilmar Mendes continua solto.

Músicas que enaltecem o estupro que somente são retiradas depois de protesto, e a análise não chega ao ponto principal: como é que alguém acha que pode????

Aquela senadora pelo Paraná, Gleise alguma coisa, fazendo um discurso de ódio e desobediência civil, e ninguém para lembrar que o marido dela foi (e será novamente) preso e, provavelmente, ela também irá para a cadeia.

Sem falar nos Aécios, Jucás, Renans, Sarneys, Lindenbergs e outros menos votados, que se constituem na tal "elite", combatida pelo agora condenado Luis Inácio de dentro dos salões e das coberturas. Assim, como pensar em que algum exemplo é possível?

Fazem apologia das exceções, um campeão de matemática aqui, um prêmio por responsabilidade social ali, mas a educação continua onde sempre esteve: em lugar algum! E vamos a caminho do abismo, que aumenta a cada dia para caber esse país que poderia ser muito melhor.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Florbela... a que espanca a dor com beleza!

Antes que a emoção da reativação do blog atinja seus reflexos, tenho de divulgar: a editora Martin Claret lançou uma edição primorosa - capa dura, capricho, etc-  dos poemas da Florbela Espanca.

Na página 162, lê-se:
...
Tarde de música

Só Schumann, meu Amor!! Serenidade...
Não assuste os sonhos... Ah! Não varras
As quimeras... Amor, senão esbarras
na minha vaga imaterialidade...

Lizst, agora o brilhante; o piano arde...
Beijos alados.. ecos de fanfarras...
Pétalas dos teus dedos feito garras...
Como cai em pó de oiro o ar da tarde!

Eu olhava para ti... "é lindo! Ideal!"
Gemeram nossas vozes confundidas.
- Havia rosas cor-de-rosa aos molhos-=

Falavas de Lizst e eu... da musical
Harmonia das pálpebras descidas,
do ritmo dos teus cílios sobre os olhos...
...

Ninguém escapa dessa mulher!


Eu, de volta

Meses parado.... muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo agora e coisas que ficarão para trás. Eu já não tenho a memória que antes tinha (ah! os cacófonos!) e meus planejamentos para 2018  incluem uma mudança de cidade e ..... esqueci, mas assim que eu me lembrar, eu retorno aqui.

O ano terminou com a morte de um conhecido de São Paulo, uma pessoa amada e que era muito solícito e atencioso. Fará falta para os que lhe eram próximos. E 2018 começa com a morte do Cony, um colega de trabalho (pode isso, Arnaldo?) e o cara que escreveu "Quase memória", um livro para os milênios. Acho melhor 2018 dar uma ajeitada nos assuntos, senão vai ser difícil atravessá-lo.

Retomo o blog, que não se usa mais. Mas estou muito descontente com o FB, que tem mais aspectos negativos que positivos e, daí, vou me dedicar mais ao blog.

Volto já, já, pelo menos uma vez por semana, se o japonês (o estudo da língua, não o Fujimori!!) der tempo.

Depois do curso de colagem com a Hanna 23, essa é a minha primeira colagem digital, feita a quatro mãos e dois cérebros com a Josi. O artista, em um contexto dialético, com a utilização de simbologia freudiana que remete aos conceitos pós-trumpistas, procura expor uma crítica ao consumo excessivo da sociedade IT e refém das redes sociais. Beijos do próprio. Escrever m.... é mais fácil do que parece. Gostei.