domingo, 27 de novembro de 2016

Álvaro de Pessoa, Campos.

Era para ter sido na quarta, esqueci de programar! Então, fica para domingo, sem diálogos absorventes, que tenho que preparar o material para o bazar do dia 3, próximo sábado. Há perdão? Sempre há, principalmente quando se acredita. Vide Fidel, um santo para os que nele acreditam. Morreu, não virou anjo em vida, virará santo? É esperar....
Enquanto isso, vamos nos entranhando com o Álvaro, uma pessoa estranha.

Ego", de Marcelo Sahea,


Tabacaria


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, in "Poemas"


Dá para pensar uma eternidade, então sugiro que pensem até o próximo domingo.

domingo, 20 de novembro de 2016

Diálogos Absorventes, sem abas.

Para os fluminenses, uma semana palpitante. Primeiro o Garotinho, com sua família estranha. Meio estranha, se considerarmos que Dona Rosinha, com aqueles cabelos, poderia muito bem ser membro da Família Adams, o que tornaria tudo muito mais palatável. Dona Mortícia sempre foi uma senhora amorosa.

A família inteira tem antecedentes, imagino que sua (dela, a família, não sejam maus!) árvore genealógica tenha várias gaiolinhas penduradas...vai saber. Pela altura com que gritam, seu (deles, novamente, gente má!) deus ou está surdo ou está um tantinho irritado com essa gente que só pede. Porque rezar, com certeza, eles não rezam. Rezar de verdade, né?

Aquela gritaria, aquele vexame público com olhos cheios de lágrimas, me fizeram lembrar Saki (googlem aí, que não estou para educação nesses dias!), quando ele diz que a dignidade perdida não é uma posse que possa ser recuperada em um momento, é quase tão dolorosa quanto a recuperação lenta de um afogamento. Terão tempo para pensar em uma estratégia de recuperação de imagem, mas duvido muito que consigam fazê-lo em tempo hábil para assistir a esse milagre.

E, numa segunda parte tão excitante quando um segundo ato de Shakespeare, a prisão do nosso mocinho, aquele garoto que deixava antever vôos maiores em direção ao Planalto Central (nos dizeres do jornalista Roberto Marinho!), o Guvernador  muderno que circulava por todos os estratos, mas, principalmente, nas salas de nossa intimorata imprensa.

Sérgio Cabral, você fez muitos servidores públicos muito contentes, indo para a cadeia com aquela mochila LV! Parabéns! Mas verde não fica bom em vc, a sua ficha na polícia está com aquela foto triste, em que vc se mostra abatido.

Eu não sei incluir música aqui, senão incluiria Chin Up, do Copeland, onde diz ..

"Back to where we started,
Losing who we were,
Everybody knows that,
You’d break your neck to keep your chin up."


Tá na hora de mostrar destemor e coragem. Agora é hora! Agora é que é! OK, aquela história de usar o banheiro para o número dois na frente de vários companheiros de infortúnio é meio chocante, mas o que é a vida sem as novas experiências que o dinheiro não pode comprar??? Encare isso como uma nova perspectiva ou então peça aos amigos para fazerem uma paredinha, com as costas voltadas para vc. Ajuda divina, acredito que não virá, o deus de vocês está ocupado com a família lá de Campos.

Ainda na fase das sugestões, procure ler Sobre a arte de viver, de Roman Krznaric, principalmente no capítulo dedicado ao dinheiro, onde ele diz:..."é compreensível que numa cultura voltada para o desfrute de bens de consumo de luxo, em que a posição social está tão estreitamente relacionada a exibições de riqueza, muitos relutem em abraçar um modo de vida mais frugal." Então, esse retiro forçado a que vc, Sérginho (assim mesmo!), está forçado, pode servir como uma mola propulsora de seu renascimento como um ser humano decente, capaz e com vontade de trabalhar. Como vc era, ou parecia ser.

Aí, povo do Rio de Janeiro, o Xexéo concorda comigo: vocês não sabem votar! E coincidências são levadas a acontecer: vejam isso aqui, onde o futuro é desconstruído pelos fatos!

Diálogos Absorventes, sem abas, neste Rio de Janeiro de gente estranha:

Abriram uma loja de bolos aqui perto de casa. Vão abrir mais duas, uma delas de propriedade daquela moça que atormenta as manhãs de todo mundo, que não é pirata, mas tem sempre um periquito no ombro.

"- Moço, paga um bolo pra mim?", diz a moça, carregando um daqueles bebês-sacolas-a-tiracolo.

Como vcs sabem, eu me recuso a partilhar da culpa generalizada. Nada me perguntaram, nem pediram, quando fizeram o novo ser-sem-perspectiva. Tivessem pedido, teria lhes dado uma camisinha.Então, entrei com:

"-Não está dando!Bolo tá caro!" - afinal, economia é da hora!
"-Mas é meu aniversário! Tô triste!", em uma dialética desenvolvida na necessidade diária de tocar a alma das pessoas.
"-No meu, tomei água! Bolo está pra rico!", sigo eu, sem compaixão alguma.
-"E se for pra criança, o senhor paga?", num último apelo que é uma apelação.
-"Criança não pode comer bolo!Açúcar faz mal!". e, um Herodes redivivo nesses tempos em
que se regojiza com garotinhos na cadeia, segui meu caminho.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Paulo Mendes Campos

Qurta-feira, né? Dia de poesia.

Não é um poema, quer dizer, formalmente, não é. Mas é!

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

(Paulo Mendes Campos in: O amor acaba: crônicas líricas e existenciais. 2a ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 21-22).

domingo, 13 de novembro de 2016

Diálogos Absorventes, sem abas!


A semana começaria com a eleição do Trump, mas não dá para deixar a situação atual do ERJ sem comentários, principalmente considerando-se a selvageria das manifestações. Pensando com profundidade, pode-se chegar á conclusão de que é a única forma de se fazer ouvir, num país e num estado como os nossos. Há adeptos e pessoas que crêem que essa - a violência - seria a única solução que garantiria um resultado efetivo. Não sou partidário.


O governo do estado diz que vai acabar com as secretarias, mas não vai acabar com os cargos!! Oi?????!!! Do que estão falando então? A Lava-jato está chegando aos políticos do Rio, o que quer dizer, Cabral e Piccianis....no plural! Hà maneiras de economizar sem que se demonize os funcionários. Uma sugestão simples: acabar com os cargos em comissão, T-O-D-O-S, chamar os funcionários que não estão trabalhando de volta, acabar com a cessão de funcionários da Secretaria da Educação para órgãos não ligados a ela, coisinhas simples...
Regulementar o uso de material de custeio - papel, essas bobagens(???!!!) pode representar uma fortuna anualmente. É só querer!



Não tem jeito de passar a semana e não falar da eleição de Trump!
O mito democrático - uma pessoa, um voto- acaba,mais uma vez, de provar ser inexequível. Mas ainda é o melhor sistema, não me confundam. Nós não elegemos Dilma, Lula e um etc inominável e assustador? O americano médio não tem cabeça e, como a maioria dos brasileiros, não consegue se desapegar da necessidade de um paizão, de alguém que nos empurre de encontro aos nossos sonhos. Não é fácil!
A violência que vem se iniciando nos EUA, principalmente onde não se votou em Trump, ou melhor, onde Trump não ganhou, prova só uma coisa: nem tudo é uma questão de educação! Há um componente racista, preconceituoso, que tem de ser considerado. Vale ler Sennet, "O Fim do Homem Público"!!!! É antigo, mas boas ideias não envelhecem, somente os ídolos e esses morrem.



nosso judiciário (minúsculas, por favor, sem nenhum atributo!) continua sua saga em direção ao descolamento total da realidade do país que o sustenta: dizem que os penduricalhos salariais são decorrentes de leis, portanto, legais!! seria até decente, se não legislassem sempre em causa própria. A leitura da Lei da Magistratura de qualquer estado e da Federal também são de assustar: a quantidade de privilégios é indecente, para usar uma palavra publicável!! Auxílio moradia para quem ganha 40 mil???!!!! Como assim????!!! E quem ganha até três salários mínimos, qual seria a justificativa para não receber o"auxílio fundamental para o exercício das atribuições sem desgaste emocional", no dizer de dona Carmen? Estão brincando com fogo, chegará a hora em que o povo vai querer pesar a vantagem do funcionamento das instituições e o custo que esse funcionamento esdrúxulo representa. Não é coisa simples! E sabemos como termina!


E o Congresso? Está cada dia mais difícil defender seu funcionamento, principalmente quando legisla, também em causa própria, né? Se não mudarem, rapidamente, a garantia de funcionamento democrático das instituições corre perigo, é só ver a história e se lembrar de que ela sempre se repete. Às vezes como farsa, ou então como tragédia. A farsa já esteve aí, nos últimos catorze anos. Resta-nos a tragédia!


O ano de 2016 insiste em nos proporcionar tristezas, surpresas desagradáveis. Morrer não é um problema, faz parte do ciclo a que todos estamos sujeitos e é bom aprender a aceitá-la como parte de nossa travessia. Acontece que certas pessoas tornam essa travessia mais suportável, aplainam os caminhos, fornecem uma sombra emocional ou novas perspectivas para o percurso que ainda será trilhado. Vamos combinar: não morre mais ninguém que eu ame, certo, 2016??? Pode exercer seus poderes junto ao congresso ou .... bom, pode parecer que estou sendo maldoso, então para aqui.


Um diálogo absorvente, talvez com abas, ouvido na praça Afonso Pena, entre o pessoal que joga baralho, noite e dia:

- "Zérruela vai acabar mal, no meio dessa garotada que usa tóchico (assim mesmo!)!!"
- "Que isso, Daniel. O cara é cabeça feita, tem até curso superior!"
- "Se isso servisse para alguma coisa, não torceria para o Vasco!"

Tá bom, falta wit, mas minha querida Claudinha iria adorar ouvir.

Quarta, se vcs não notaram, é dia de poesia. Uma surpresa!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Adriana Calcanhoto

Saiu o livro Pra que é que serve uma canção como essa?, com as canções de Adriana Calcanhoto, organizados por Eucanaã Ferraz. Uma delícia!

Nesses tempos de Nobel para compositor e letrista, recomendo ainda o Caderno de Poesias, de Maria Bethânia, outra delícia! Para quem não se dá bem com os livros, tem o DVD, no mesmo sítio aí em cima.

Depois de definir os cariocas com precisão cirúrgica, Adriana visitou Lupicínio, em um CD que não consegue ficar quieto por aqui. Recomendo também.

E, para recordar do que a moça é capaz, a letra de Vambora:

Entre por essa porta agora
e diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem vambora
que o que você demora
é o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa
ainda tem você na sala
porque meu coração dispara
quando tem o seu cheiro
dentro de um livro
N"A cinza das horas.


A referência a Ferreira Gullar, (um gato!!! só quem tem mais de 50 entenderá essa!) não é gratuita!
Clique aqui e veja!

domingo, 6 de novembro de 2016

Diálogos absorventes, sem abas!

Decidi escrever aqui, não há limites, lê quem acha que deve, não pego nenhum amigo desprevenido. Os inimigos, esses sim! Ainda não consegui deixar o FB totalmente, de vez em quando vejo algo que precisa que eu intervenha ou então é chocante demais para que eu suporte sozinho. Desculpem-me os sofredores solidários compulsivos!

nosso judiciário (minúsculas), sempre pronto a nos f.......Ainda que parece mágica!
1- O judiciário é uma brincadeira. Eu exijo minúsculas, sem itálico ou negrito, mas está difícil achar que Dona Carmen é minimamente diferente de Renan e seus asseclas. Fazem o que querem, só intervêm quando o calo da nobreza é pisado. A situação do estado do Rio é de chorar, mas aceitam qualquer coisa, menos que se mexa nos seus régios salários, pró-labores, etc. Está na moda falar da judicialização do país, mas isso é apenas porque o judiciário não age onde deve! Prefere palpitar sobre tudo, principalmente onde houver uma midia gratuita, alguns holofotes... está difícil.

2- encastelados no Leblon, Jardins e quetais acham que o país precisa mudar, mas são incapazes de sugerir algo minimamente aplicável. "É preciso mudar!"" berram, uma sirene do desespero que não é deles. Caso algo seja feito, abrem suas cartilhas como professoras de um primário que já se foi, exigindo o cumprimento de diretrizes suíças nessa Uganda em que vivemos. Não é mole, há certos momentos em que a convivência tem de ser nível MMA!


3 - Sugestão de leitura: https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/notas/universidades-brasileiras-devem-promover-internacionalizacao-valorizar-merito-flexibilizar-regras-e-reduzir-burocracia-se-quiserem-chegar-a-elite-do-ensino-superior

A discussão da educação não pode se resumir aos salários e (não-)privilégios, (de)meritocracia e uma série de parênteses que só não é mais assustadora porque a realidade está aí, principalmente para quem mora no Rio de Janeiro. Ela bate à porta, Dona realidade, e está armada!

4- Voltando ao nosso (minúsculas, por favor!) judiciário: Dona Carmen poderia se indignar com o descumprimento das leis pelas elites, o Sinhô Renan já passou da hora de estar preso ou fora do segundo posto mais importante do país. Veja aqui  para lembrar do que estou a falar!
O ERJ, com glorioso futuro à vista, somente que apenas cada vez mais no fundo...
5- O legislativo fluminense foi o avalista dessa merda toda que está aí. Uns dois ou três se rebelaram e foram contrários por terem estudado e visto o horizonte plumboso que estava ali, outros se rebelaram por estarem fora da partilha que viria. Ninguém fala no Sérgio Cabral, onde anda a intimorata imprensa???? Aguardando autorização para esclarecer a população sobre o real responsável pela falência, a longo prazo, uma novidade econômica, do Estado? E isso que os créditos dos royalties do pré-sal ainda não precisaram ser substituídos. Por falar nisso, haverá uma CPI do pré-sal????

Crédito ao deputado Luiz Paulo Correa da Rocha, com suas intervenções  técnicas, esclarecedoras e, infelizmente, proféticas! E ao Maurício, que é um vigia permanente, mesmo que com atuação limitada pela....  bom, vcs sabem! Ser o lado mais fraco da corda é uma aventura permanente, mas não é muito divertido!

Um dirigente do basquete, tomando uma atitude para reerguer o esporte!
6- Para encerrar, esportes! Mudaram o horário do jogo do Santos com a Ponte Preta com menos de 24 horas de antecedência, o que é proibido pelo Estatuto do Torcedor e pelo regulamento da própria CBF. Justificam por um acontecimento de 23 de outubro p.p. (próximo passado, para quem não está habituado com essas coisas!). O presidente do Santos solta uma notinha e é tudo, estão jogando agora, enquanto escrevo! Ah! A rebeldia, essa coisa cinematográfica...

Parece que ser cafajeste, estúpido, mau caráter é uma exigência para se escolher o basquete como esporte praticado, assistido ou o que for! Sem falar na burrice! Para quem viu o jogo Flamengo x Bauru (duas prorrogações, um festival de estupidez, faltas escrotas, decisões mais do que equivocadas) correndo na esteira da academia, chega a assustar o baixo nível do esporte que já foi o segundo do país.  Os últimos vexames do basquete nacional são totalmente explicáveis quando você vê um jogo inteiro por aqui, e isso entre duas das maiores equipes do país! Cuidado, dirigentes do basquete, a pelota basca está se aproximando na preferência do público! Guerrinha, técnico do Bauru, parece ser uma exceção nesse amontoado de escória e escombros.

Para encerrar, um diálogo absorvente, sem abas, no qual não estava envolvido, apenas recebi olhares restritivos, para colocar de maneira educada, quando dei risadas.

Amiga 1:"Ele começou a me beijar a mão, foi subindo pelo meu braço, dando aqueles beijinhos meio mordidinha.."

Amiga 2: " Nossa!!!!!!! Eu fiquei arrepiada só ouvindo!! E você, miga? Fez o quê???"

Amiga 1: "Nada!!! Eu fiquei me sentindo uma espiga de milho!!!""

Vale lembrar que o diálogo ocorreu no metrô, 17h30 de quinta. É foda!