domingo, 20 de novembro de 2016

Diálogos Absorventes, sem abas.

Para os fluminenses, uma semana palpitante. Primeiro o Garotinho, com sua família estranha. Meio estranha, se considerarmos que Dona Rosinha, com aqueles cabelos, poderia muito bem ser membro da Família Adams, o que tornaria tudo muito mais palatável. Dona Mortícia sempre foi uma senhora amorosa.

A família inteira tem antecedentes, imagino que sua (dela, a família, não sejam maus!) árvore genealógica tenha várias gaiolinhas penduradas...vai saber. Pela altura com que gritam, seu (deles, novamente, gente má!) deus ou está surdo ou está um tantinho irritado com essa gente que só pede. Porque rezar, com certeza, eles não rezam. Rezar de verdade, né?

Aquela gritaria, aquele vexame público com olhos cheios de lágrimas, me fizeram lembrar Saki (googlem aí, que não estou para educação nesses dias!), quando ele diz que a dignidade perdida não é uma posse que possa ser recuperada em um momento, é quase tão dolorosa quanto a recuperação lenta de um afogamento. Terão tempo para pensar em uma estratégia de recuperação de imagem, mas duvido muito que consigam fazê-lo em tempo hábil para assistir a esse milagre.

E, numa segunda parte tão excitante quando um segundo ato de Shakespeare, a prisão do nosso mocinho, aquele garoto que deixava antever vôos maiores em direção ao Planalto Central (nos dizeres do jornalista Roberto Marinho!), o Guvernador  muderno que circulava por todos os estratos, mas, principalmente, nas salas de nossa intimorata imprensa.

Sérgio Cabral, você fez muitos servidores públicos muito contentes, indo para a cadeia com aquela mochila LV! Parabéns! Mas verde não fica bom em vc, a sua ficha na polícia está com aquela foto triste, em que vc se mostra abatido.

Eu não sei incluir música aqui, senão incluiria Chin Up, do Copeland, onde diz ..

"Back to where we started,
Losing who we were,
Everybody knows that,
You’d break your neck to keep your chin up."


Tá na hora de mostrar destemor e coragem. Agora é hora! Agora é que é! OK, aquela história de usar o banheiro para o número dois na frente de vários companheiros de infortúnio é meio chocante, mas o que é a vida sem as novas experiências que o dinheiro não pode comprar??? Encare isso como uma nova perspectiva ou então peça aos amigos para fazerem uma paredinha, com as costas voltadas para vc. Ajuda divina, acredito que não virá, o deus de vocês está ocupado com a família lá de Campos.

Ainda na fase das sugestões, procure ler Sobre a arte de viver, de Roman Krznaric, principalmente no capítulo dedicado ao dinheiro, onde ele diz:..."é compreensível que numa cultura voltada para o desfrute de bens de consumo de luxo, em que a posição social está tão estreitamente relacionada a exibições de riqueza, muitos relutem em abraçar um modo de vida mais frugal." Então, esse retiro forçado a que vc, Sérginho (assim mesmo!), está forçado, pode servir como uma mola propulsora de seu renascimento como um ser humano decente, capaz e com vontade de trabalhar. Como vc era, ou parecia ser.

Aí, povo do Rio de Janeiro, o Xexéo concorda comigo: vocês não sabem votar! E coincidências são levadas a acontecer: vejam isso aqui, onde o futuro é desconstruído pelos fatos!

Diálogos Absorventes, sem abas, neste Rio de Janeiro de gente estranha:

Abriram uma loja de bolos aqui perto de casa. Vão abrir mais duas, uma delas de propriedade daquela moça que atormenta as manhãs de todo mundo, que não é pirata, mas tem sempre um periquito no ombro.

"- Moço, paga um bolo pra mim?", diz a moça, carregando um daqueles bebês-sacolas-a-tiracolo.

Como vcs sabem, eu me recuso a partilhar da culpa generalizada. Nada me perguntaram, nem pediram, quando fizeram o novo ser-sem-perspectiva. Tivessem pedido, teria lhes dado uma camisinha.Então, entrei com:

"-Não está dando!Bolo tá caro!" - afinal, economia é da hora!
"-Mas é meu aniversário! Tô triste!", em uma dialética desenvolvida na necessidade diária de tocar a alma das pessoas.
"-No meu, tomei água! Bolo está pra rico!", sigo eu, sem compaixão alguma.
-"E se for pra criança, o senhor paga?", num último apelo que é uma apelação.
-"Criança não pode comer bolo!Açúcar faz mal!". e, um Herodes redivivo nesses tempos em
que se regojiza com garotinhos na cadeia, segui meu caminho.

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