Final de abril, a caminho do meio do ano...,tudo muito rápido, na velocidade dessa nova civilização, desse ser humano que desconhece algumas das regras mais básicas de convivência, que não tem pudor algum em expor publicamente suas mazelas, do câncer da mãe às hemorróidas inflamadas. Difícil a convivência.
Essa não é a questão... a questão é a poesia, os novos poetas e os antigos também. Eu gosto muito da Sophia Breymner, da Orides Fontela, Bruna Berner, Angélica Freitas e outras esquecidas agora, mas não menos importantes na minha formação.
Orides tem uma poesia que chamo de carnal, atinge regiões da sensibilidade que eram desconhecidas.
Um exemplo:
Tudo
será difícil de dizer:
a palavra real
nunca é suave.
Tudo será duro:
luz impiedosa
excessiva vivência
consciência demais do ser.
Tudo será
capaz de ferir. Será
agressivamente real.
Tão real que nos despedaça.
Não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser
é excessivamente lúcido
e a palavra é densa e nos fere.
(Toda palavra é crueldade.)
Nota: Como quase sempre, as fotos são de minhas colagens.