domingo, 5 de dezembro de 2010

Ricardo Pinto de Souza

A REVELAÇÃO ME ATACA SEM PRESTÍGIO

um anjo, um diabo e um santo
sua conversa me entedia, nenhum
traz solução alguma, reclamam...

continuo andando, mas me seguem
moscas luminosas de três metros
infectando minha sombra de prédicas
e livros vazios, peidos e fel

decido dar um basta, grito com eles
gritam de volta, citam o apocalipse
a danação, a redenção, a ética
enfim, têm cara-de-pau, sim, ficam

hoje dormimos os quatro, a cama
que é grande para mim pareceu uma lata
o anjo ronca, o diabo tem insônia
o santo fala sacanagem e chora

às vezes eu penso em rifá-los
um destes puteiros hardcore
onde seriam comidos até pela uretra
mas, porra, a gente se afeiçoa a fantasmas



SOBRE FRANZ

o que não pode, na pepita dos ossos roídos
ser roído: o que permanece, que alimenta
o ruído do ruído, o que constrói o homem
e seus anjos e demônios e fantasmas
seus esgotos
seus teares





BIO/BIBLIOGRAFIA


Ricardo Pinto de Souza nasceu no Rio de Janeiro, em 1978. É editor da Oficina Raquel ( http://www.oficinaraquel.com/ ), e publicou Culturas (2007, poemas) e Bestiário (2008, pequenas narrativas) pela editora. Também é doutorando em Literatura Comparada pela UFRJ.

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