sábado, 3 de março de 2012

Casimiro de Abreu

Andando com o Paquinho, conheci a sobrinha neta (ou bisneta, vai saber!) dele. Também gosto muito da cidade....então, em homenagem ao próprio, um poema que não é  "Meus 8 anos"!!!Não é bom???

Em português, Pedro!!!

FRAGMENTO
 
O mundo é uma mentira, a glória — fumo,
A morte — um beijo, e esta vida um sonho
Pesado ou doce, que s’esvai na campa!
O homem nasce, cresce, alegre e crente
Entra no mundo c’o sorrir nos lábios,
Traz os perfumes que lhe dera o berço,
Veste-se belo d’ilusões douradas,
Canta, suspira, crê, sente esperanças,
E um dia o vendaval do desengano
Varre-lhes as flores do jardim da vida
E nu das vestes que lhe dera o berço
Treme de frio ao vento do infortúnio!
Depois — louco sublime — ele se engana,
Tenta enganar-se pr’a curar as mágoas
Cria fantasmas na cabeça em fogo
De novo atira o seu batel nas ondas,
Trabalha, luta e se afadiga embalde
Até que a morte lhe desmancha os sonhos
Pobre — insensato que achar por força
Pérola fina em lodaçal imundo!
— Menino louco que se cansa e mata
Atrás da borboleta que travessa
Nas moitas do mangal voa e se perde!


Dezembro  — 1858

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