quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Edoardo Sanguineti



O Purgatório Do Inferno

este é o gato de botas, esta é a Paz de Barcelona
entre Carlos V e Clemente VII, é a locomotiva, é o pessegueiro
florido, o cavalo marinho: mas se virar a página, Alessandro,
vai ver ali o dinheiro:
estes são os satélites de Júpiter, esta é a Rodovia do Sol, é a lousa quadriculada, é o primeiro volume do Poetae Latini Aevi Carolini, são os sapatos, são as mentiras, é a Escola de Atenas, é a manteiga, é um cartão-postal que chegou hoje da Finlândia, é o músculo mandibular, é o porto: mas se virar a página, Alessandro, vai ver ali o dinheiro:
e este é o dinheiro.
e estes são os generais com as metralhadoras deles, e tem os cemitérios com as tumbas, e tem as agências bancárias com os cofres-fortes, e tem os livros de história com as histórias deles:
mas se virar a página, Alessandro, não vai conseguir ver nada.

(Poesia traduzida por Julio Cesar Monteiro Martins, Pisa, dezembro de 2006)

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