domingo, 14 de março de 2010

Leonardo Marona

“ana c.”

a poesia,
se persiste,
quando cisma,
(instinto?)
é um passo
na direção
do abismo,
(infinito?)
ou então são
dois passos
e um colapso
(suicídio?)
nos casos
de poesia
mais rara,
(primitiva?)
ou então coice,
patada de pena.
porque as asas
(comprimidos?)
estão na cabeça
e não nas pedras
portuguesas.



“clint eastwood”

importante esperar pelo último minuto,
pela dor inexplicável que nos fará jus
à cruz que carregamos, invisível ferro,
que gela nas artérias e antecipa o tiro.

importante esperar pelo momento vazio
em que a dor trespassa então por pouco
e já não é mais dor, é tensão do mundo
– enxergar sem rédeas o terreno aberto.

não se colocar entre este e aquele século.
seguir sem nome (pois o nome na pele)
então engolir os séculos, regurgitar mais.

para remexer o caldo fundo sob a terra
aparentemente árida, de cerne difícil,
e só então cuspir o sumo – dar o tiro.



BIO/BIBLIOGRAFIA:


Leonardo Marona nasceu em Porto Alegre. Publicou recentemente o livro “pequenas biografias não-autorizadas” (poesia, 86 págs., 7Letras, 2009) e tem escritos outros dois livros de contos: Os ossos debaixo dos campos verdes, 212 págs., 2004; Maldito Orquidário, 90 págs., 2008 –ainda não publicados. Tem textos publicados nos sites Bestiário (www.bestiario.com.br); Escritoras Suicidas (www.escritorassuicidas.com.br, sob pseudônimo), Crônica do Dia (www.crondia.blogspot.com) e no literário Jornal Plástico Bolha (www.jornalplasticobolha.com.br), feito pelo Depto. de Letras da Puc-Rio, além do Jornal Vaia (www.jornalvaia.com.br), periódico literário de Porto Alegre.

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