quarta-feira, 3 de março de 2010

Sophia Andresen



A Pura Face

Como encontrar-te depois de ter perdido
uma por uma as tardes que encontrei
O ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?

Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido

Apenas imagino que me espera
no infinito silência a pura face
Pr'além de vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce

p.139 de Poemas Escolhidos, Cia das Letras
Foto: Um beco de Lisboa, foto minha.

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