sexta-feira, 2 de abril de 2010

Antologia dos Poetas Brasileiros

Edição em cinco volumes (falta-me o quarto, Poesia da Fase Moderna, volume I, alguém tem?), com organização de Manuel Bandeira (tomara que os herdeiros não me cobrem pelo uso do nome aqui!!ô raça!!!), e, nos modernos, co-elaboração de Walmir Ayala. Editada pelo Nova Fronteira, já era hora de uma nova edição, caprichada, essas coisas... esperar não cansa. Gosto muito do volume Bissextos Contemporâneos, pelas razões que justificam o nome.Nele, pode-se ler, de Euclides da Cunha:

Morrem os mundos... silenciosa e escura,
eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidões da altura
rguem-se, assim, necrópoles sombrias...
Mas, para nós, di-lo a ciência, além perdura
a vida, e expande as rútilas magias...
Pelos séculos em fora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.

Meus ideais! extinta claridade -
mortos, rompeis, fantásticos e insanos,
da minha alma a revolta imensidade...

E sois ainda todos os enganos
e toda a luz e toda a mocidade
desta velhice trágica aos vinte anos...


Se acaso uma alma se fotografasse
de sorte que, nos mesmos negativos,
a mesma luz pusesse em traços vivos
o nosso coração e a nossa face;

e os nossos ideais, e os mais cativos
de nossos sonhos... se a emoção que nasce
em nós, também na chapa se gravasse,
mesmo em ligeiros traços fugidios:

Amigo, tu terias com certeza
a mais completa e insólita surpresa
notando - deste grupo bem no meio -

que o mais belo, o mais forte, o mais ardente
destes sujeitos é precisamente
o mais triste, o mais pálido, o mais feio.

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