sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cecília Meireles

Rolou um estresse...kkkk... nos comentários sobre a música Canteiros, dada como de autoria de Fagner e Belchior. Na verdade, a música é um mix, que não foi devidamente explicitado quando do lançamento da música e foi preciso uma pendenga judicial para que tudo fosse esclarecido. A história se repetiu com Motivos, o que nem quero discutir aqui. Quando a história se repete, ...bem, deixa prá lá.
O poema origem da música, que não é igual ao que é cantado, é o poema A Marcha:


As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.
Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.
Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.
Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.
Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.
Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento…
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.

A parte em vermelho foi a inspiradora do Fagner, assim como a música do Belchior e Águar de Março, do Tom Jobim. Um bom pout pourri, eu diria...

4 comentários:

  1. Não vi o estresse nos comentários, mas desde já quero dizer que sou inocente!

    E deixemos de coisa, cuidemos da vida pois se não chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida!

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  2. Não, Valéria, foi no Facebook....aí aproveitei para postar aqui e mencionar lá, que é para trazer público ao ADP....e eu amo o Guima (íntimo, eu...) das frases curtas: "Viver é um descuido prosseguido."E mais não digo...que bom que vc ama a MM, eu não.

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  3. Imaginei que vc não gostasse... por isso fiz a ressalva de invadir o ADP com um texto dela! rs

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  4. A propósito da sua intimidade, eu conheço uma fotógrafa que tem um fox paulistinha chamado Guima em homenagem ao escritor.

    Se tiver curiosidade (e paciência), ela está no meu FB: Christina Amaral Fotógrafa.

    Em meio à centenas de fotos diversas, tem algumas do Guima.

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Comente o que acha que deve, mas use termos gentis, mesmo que desaforados...