quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Casimiro de Brito

Poeta português, nasceu em 1938 em Loulé, onde estive com o Alberto e tem um mercado de queijos maravilhosos. Casimiro tem vários livros publicados, obviamente nenhum deles lançado no Brasil. O poema abaixo foi retirado da coletânea "Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea".

Nem a morte

Nada nos perpetua
nada
nem a morte

Só o ritmo de nossos corpos
acaso
permanece

(do livro Mesa do Amor)

Hesitação de Canto

Coleciono a matéria imperceptível
deste canto murmurado árdua ventura
de pássaro preso equilibrado
em granadas de música luz arquitetura
de crime antigo - a breve profanação
de ruínas coleciono: de rostos ancorados
na penumbra álcool: nu abandono
silencioso - ávida prisão
a do próprio corpo à morte se
condena: ofício de cinza onde sempre
é noite - coleciono
a suspensa hesitação do canto
de tanta luz tão
vulnerável - através da neve: e de guerras-

(Negação da morte)

****
Cuidado. O Amor
é um pequeno animal
desprevenido, uma teia
que se desfia
pouco a pouco. Guardo
silêncio
para que possam ouvi-lo
desfazer-se.

(Intensidades)

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