terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Bondade e o show midiático

Domingo, marasmo quase distópico, impossível sobreviver sem sequelas...calor, calor e um pouco mais de calor.... desabituado, meu corpo pede sombra e sossego. Ventilador, ligo a TV e vejo um show de horrores, a exploração do ser humano disfarçada de bondade, assistência e amor. Não dá, eu havia preparado um almoço e meu estômago não resistiria ao que a TV (ia escrever o tubo, mas nesses tempos de TVs digitais e smarts, quem entenderia???) mostrava. Não poderia jamais perder drinques preparados pelo Alberto, então desligue-se a TV!

Rebobine-se a fita, ventilador direto e o trem das elocubrações se põe em marcha....

A questão do nariz....

Sandor Marai, em "O Jantar" (acho que é este o título), fala da caridade gorda, da compaixão fácil, que não exige esforço algum para ser feita, como enfiar a mão no bolso e jogar uma moeda na caixinha de chicletes do garoto ou do aleijão mais próximo. Esta caridade tem valor zero...Como a Fila da Miséria, presente na ALERJ pelos ultimos trinta anos, vinte e cinco dos quais sob meu testemunho; como o milhão distribuído ao pobre que usa seus últimos trocados para pintar o cabelo, pois vai aparecer na TV, mas como o dinheiro é pouco, a qualidade da pintura acompanha...

Tudo uma armadilha, mas o amor....

Mas, definitiva mesmo, é a mestre de todos nós, Hannah Arendt, que define, definitivamente: (ah!Uma aliteração provocada e óbvia!!Vai ficar!):

"A bondade, para se afirmar como tal, deve ser genuína. Sermos bons, porque está na época em que é de bom tom mostrarmos que somos bons, é a mais absoluta hipocrisia. Sejamos bons sim, mas continuamente. Sejamos bons sim, mas não para mostrarmos aos outros que somos bons. A maior, e a verdadeira bondade, é aquela que se pratica sem alaridos, sinal de que a bondade é algo que deve ser normal e frequente, e não uma festa sempre que acontece - senão estamos exatamente a denunciar que só somos bons de vez em quando."

Bondade e Sabedoria devem ser inocentes, Hannah Arendt. O mundo Insta e Face sequer tangenciam a vida real...

Quem sou eu para discutir!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente o que acha que deve, mas use termos gentis, mesmo que desaforados...