segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Poesia Húngara



Lendo o sítio www.dicta.com.br, encontrei um artigo do Nelson Archer sobre a poesia húngara. O idioma é quase impenetrável, como vocês podem ver. A palavra polícia, no Ocidente, é parecida em quase todas as línguas. Em húngaro: Rendőrsége!! Com todos os acentos!!! E até em euskera é polizia....cqd!!!No sítio acima podem ser encontrados diversos poetas húngaros, dos quais selecionei dois:




Lörinc Szabó (1900-1957)



Válasz
Láttam a komédiát,
hajam beleőszült.
Minden férfi bandita,
minden asszony őrült.
Gyomrom, agyam tele van,
öreg undor éget.
Választ akarsz? Kezdelek
kiokádni, élet!
Resposta
Vi a comédia: ela deixou-me
grisalho de repente.
Os homens, todos gangsters; cada
mulher, uma demente.
Do estômago à cabeça, é um nojo
antigo que em mim arde.
Queres uma resposta? Vida,
começo a vomitar-te.


e

György Somlyó (1920-2006)

Seb és kés
A kés és a seb viszonya változó. A seb vérzik. A kés bevéreződik. A seb sajog. A kés kicsorbul. A seb fájva emlékezik a késre. A kés nem emlékezik a sebre. A seb beheged. A kés sebe tartós. Egyszer a seb is elfeledi a kést. A késnek nincs mit felednie. A kés gyönyört lel a sebben, mint a kinyíló testben. A seb is gyönyörét lelheti a késben, mint a beléhatoló testben. A seb irtózik a késtől. A kés is irtózhat a sebtől. Vannak, akik a sebtől irtóznak. Vannak, akik a késtől. Van, aki mindakettőtől. A seb szeretheti is a kést. A kés is szeretheti a sebet. Megeshet, hogy a kés úgy sajog, mint a seb. Megeshet, hogy a seb oly érzéketlen, mint a kés. A seb előbb-utóbb begyógyul. A kés beletörhet a sebbe. A kés sokszor mondja azt: Én vagyok a Seb. Egyszer a seb is azt mondhatja: Én vagyok a Kés. A seb és a kés viszonya változó. Csak egy változatlan. Hogy van seb és van kés. A kés a seb kése. A seb a kés sebe. Nem lehetnek meg egymás nélkül.
Ferida e faca
A relação entre faca e ferida é variável. A ferida sangra. A faca se ensangüenta. A ferida dói. A faca se embota. A ferida se lembra dolorosamente da faca. A faca não se lembra da ferida. A ferida cicatriza. A ferida da faca é duradoura. Algum dia até mesmo a ferida há de esquecer a faca. A faca não tem o que esquecer. A faca se deleita com a ferida como com um corpo que se abra. A ferida também pode se deleitar com a faca assim como com um corpo que a penetre. A ferida tem horror à faca. A faca também pode ter horror à ferida. Há quem tenha horror à ferida. Há quem o tenha à faca. Há quem tenha horror a ambas. A ferida pode também amar a faca. A faca também pode amar a ferida. Pode ser que a faca sinta dor como a ferida. Pode ser que a ferida seja insensível como a faca. A ferida há de sarar um dia. A faca pode se quebrar na ferida. A faca diz freqüentemente: Eu sou a Ferida. A ferida pode vir a dizer um dia: Eu sou a Faca. A relação entre ferida e faca é variável. Só uma coisa não varia. Que há ferida e há faca. A faca é a faca da ferida. A ferida é a ferida da faca. Uma não existe sem a outra.
O crédito é do sítio www.dicta.com.br. Dos autores, não tenho a menor ideia, só lhes dou o crédito de acreditar que escrevem lindamente. Problemas com direitos? Post um coment, que eu retiro , sem problemas. Mantive o original, por uma questão de coerência...

2 comentários:

  1. Voltei, aqui é meu lugar...

    Agora falando sério, achei as duas poesias bem fortes!
    Acaso, estilo ou escolha do autor do blog?

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  2. Oba, estava sentindo sua falta, afinal, vc é a única pessoa que frequenta este espaço...não, as duas poesias foram escolhas minhas mesmo, e foram escolhidos pelo motivo que sua percepção refinada percebeu, o sentimento forte manifestado pelas palavras idem.

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