Mais coisas parisienses..ou nem tanto assim

A Valéria fez um comentàrio que vale um post. Poderia reproduzi-lo aqui, mas...é sò clicar em comentàrios no post Paris, O decàlogo. (escrevi antes de postar o tal comentário. É o fuso ...) Assino junto com ela.Também me mandou uma msg, com várias dicas interessantes. Vou postar como comentário, para vcs aproveitarem...

Xavier de Maistre escreveu uma daquelas obras primas da literatura mundial que apenas algumas pessoas conhecem e leram. Não é pretensão, é um fato e uma opinião.

O livro "Viagem ao redor do meu quarto" é uma jòia na sua curta perfeição...Pequenino, não precisa de nem mais uma linha para ensinar como vc não deve viajar e o que (não) fazer quando a vontade bater. Os conselhos exigem mais do que disposição, um  pouco de esforço mental e atenção para os detalhes...

Eu gosto de estar em outros lugares, mas detesto viajar! "Desta vez o Manoel enlouqueceu!!!", gritarão os adeptos da filosofia do jornalismo brasileiro, de gritar sabendo que não farà diferença alguma ou que não haverá tempo para se aprofundar no assunto, já que a cada semana surge um novo caso que requer a atenção imediata de todos. Não, queridos, eu me refiro ao deslocamento de um paìs ao outro, ficar doze, treze horas em um avião, cercado de gente, sem alternativa alguma para aliviar o sentimento de vida tribal. Não passa, o avião, de uma gigantesca oca, sem um pajé ou morubixaba para ordenar o que precisa ser ordenado. Talvez se for um vôo da Airfrance tudo fique mais fácil, o pessoal da Airfrance é o melhor...simpáticos sem aquela coisa meio pegajosa, atenciosos sem serem vigilantes... merecem um prêmio. Pelo menos os dos vôos 443 e 444, claro que é o que não caiu, senão eu não estaria aqui escrevendo...rs...Mas, francamente, estar em um avião por tanto tempo é quase um suplício, daí talvez a pouca paciência com que me porto quando chego ao destino. Perfeição é pouco, qualquer deslize é um saco, o estouro está a uma faísca. A irritação demora dois, três dias para passar e ainda assim é um incômodo que qualquer pitonisa de plantão pode prever, já que a volta é algo, por enquanto, inevitável. Mas eu amo a Air France...

Acho que alguém deveria fazer um estudo sobre o comportamento das pessoas quando viajam. Acho que esquecem as amarras da civilização em casa, ou, na melhor das hipóteses, acham que elas (as amarras) afrouxaram bastante. É japonês gritando loucamente, chinês correndo pelo corredor do avião (uma aliteração interessante, mas não tem nenhum sinônimo de avião começando com C) , francês com chulé tirando o sapato, gente lá de trás falando com gente lá da frente, criança chorando, alguém murmurando o que está ouvindo no rádio, isto sem entrar no campo escatológico, que eu tenho muuito nojo... e sem falar no estado dos banheiros do meio dos vôos para a frente...Filoctetes iria se sentir em casa (Filo... what???? Google, gente!!!), não pela fidelidade, mas pela ferida...

Falando em comportamento, alguém poderia me dizer a origem do comportamento de gente brasileira no exterior??? Quando percebem que alguém por perto partilha sua origem tupiniquim, cutucam-se e agarram-se a um silêncio digno de Mr. Bean, sem o charme e o humor do digníssimo british clown. No metrô, nos museus, ao ouvirem as primeiras palavras em Português (três Ps!!!), calam-se, conscienciosos da correção comportamental (4 Cs!!!!). Será medo? Será pavor? Percebi isto várias vezes durante a viagem, e fiquei sem entender...alguém explica??

Ou então comportam-se exatamente ao contrário: falam em voz alta os assuntos mais particulares que qualquer personagem do mais reles livrinho de espionagem julgaria confidencial: sexo, dinheiro, programas, doenças, nada é digno do silêncio respeitoso que um lugar público merece!!Que coisa!!

E o povo inglês??Acho que ter sido uma nação colonizadora, imperialista, o que gerava contato com os mais diversos povos e gentes, ajudou muito os inglêses a serem um povo com muito pouco tempo para reparar nos outros...eles são gordinhos, têm dentes...bom, deixa prá lá, o que quero dizer é que os inglêses são a prova viva do   "viva e deixe viver"! Talvez esta seja a causa da realeza ter criado tantas regras e salamaleques para dirigir a convivência...ou talvez seja a educação, mas isto não seria justo. Se não tivessem tantas regras, talvez a família real não durasse tanto tempo, já que não há empáfia real que resista a um inglês tomando cerveja no aeroporto às 7:30h da manhã!!!

Já o francês, não...aproveitou mal a convivência com os africanos e árabes, percebe-se uma diferença de tratamento com as pessoas com aquele ar "diferenciado" (pôxa, preciso me lembrar de agradecer ao povo de Higienópolis, em São Paulo!!) que os árabes e negros, em geral, têm (lá, pelo menos). A pobreza francesa é árabe ou negra, as exceções são apenas isto, as exceções... Falar em esporte e música seria um desrespeito com alguém com mais cérebro do que a Luciana G....bom, com mais cérebro do que uma minhoca.

Por falar em exceção: o restauranteToyo, em Paris!!!Uma comida inesquecível, em um ambiente simples...o garçom, deparando-se com nosso ar diferenciado (turista veste-se mal, em geral, e não somos exceção. Precisando aproveitar o pouco tempo que temos, quem é que vai se preocupar  com roupas???!!!), o garçom insistia em nos mostrar o que havia de mais barato no cardápio, como se fosse um vendedor das Pernambucanas mostrando os artigos mais adequados para aquela pobrezinha mal vestida!....mas a comida nos faz (fez, no caso) esquecer tudo e a carrafe d"eau....só indo lá para acreditar. Tirar foto seria confirmar tudo que o nosso garçom antevia para a nossa refeição, então não tenho registro visual da coisa

Aconteceu algo com o teclado e não consigo mais escrever de forma que outros entendam...vou tentar resolver e depois falo......