quarta-feira, 11 de abril de 2012

Paris, a opção

Pois é, no ùltimo dia em Paris tenho de falar em outra coisa!!!

Nos jornais e revistas daqui, estabeleceram que, quando a pessoa é gay, eles devem identificar a opção sexual da pessoa!!!

Carlucho, me ajuda aì!!!
Isto não é um tipo de homofobia internalizada? Ou é a correção polìtica levada a extremos tão ridìculos que presta  o serviço exatamente oposto ao que se pretendia?

Nunca vi alguém identificar-se: "Muito prazer, sou o Rui, hetero!" ou Oi, eu sou a Muriel, sou gay!" ou qualquer coisa do gênero. Em um mundo um pouco mais educado, a vida sexual das pessoas deveria ficar limitada à intimidade ou então sua exposição deveria ficar a critério do interessado. Mas não!
Insistem em ficar criando regras, comportamentos, discussões que nem deveriam ser levadas adiante, porque não fazem o menor sentido.
 Existe coisa mais misteriosa do que a vida sexual do seu vizinho? Ele gosta de chupar o dedão do pé, ela não goza se não levar uma palmadinha na bunda....e nem pensa na juìza que vai decretar a aplicação da Lei Maria da Penha!
Mas quando vc encontra os dois no elevador, isto não faz a menor diferença! Quando vc enconrta os dois na fila do cinema, também não! E se vc vai para a cama com os dois, isto também não deve fazer diferença alguma!!

Googlem aì!!! O Kinsey descobriu não sei quantas variações de comportamento sexual, dentro de cada variação "complementar de gênero". Tirando alguns aspectos doentios da pedofilia, todas, absolutamente todas as pessoas tinham ou têm um comportamento social aceitàvel! Se "de perto ninguém é normal", imaginem de longe, na solidão (ou companhia...pronto! começou!) de um quarto ou uma cabana!

Acho que não resta dùvida a ninguém que lê este blog de qual seja minha orientação comportamental relativa a sexo(Nahhhh, grande demais para os jornais e revistas...e blogs). O fato é que sou gay, gay mesmo. Mas também sou homem, no sentido masculino mesmo. Joguei futebol, pratiquei esportes, convivi com mulheres, desenvolvi pouco o meu lado vaidoso, olho bunda de homem e de mulher, acho peito lindo, li revista pornô (motivos "errados" aqui), não consigo fazer um arranjo bonito de flores (tô brincando; Celso!), enfim, sou uma criatura estereotipicamente masculina, lamento muito....e digo lamento no sentido de ter sido privado de boa parte das coisas boas que uma criação mais moderna e libertària teria feito por mim.

Todo este preâmbulo, Manoel, pra quê??!!

Para dizer que apenas uma pessoa com problemas pode sugerir que o termo "opção" se aplica a quem tem uma o.c.r.s. gay!!

Sò quem não viveu o inferno que é achar o Chico mais bonito que a irmã pode pensar que ser gay é uma opção! Sò quem não viveu o inferno de seus amigos descobrirem  sua ereção na hora errada (qualquer pré-adolescente pode falar sobre isso!) pode acreditar que o termo se aplica!!O terror dos pais descobrirem que vc não vai casar, que vc não vai continuar a famìlia que eles queriam, que vc não quer ter de responder a pergunta "Tà namorando?"  porque teria de mentir? E o medo de ser identificado por aquele primo "mulherzinha"?e tantas outras situações. E eu estou falando de pré-adolescencia !!!!

E eu nunca fiz a opção por este comportamento!! Alguém aì que està lendo fez??? Hetero ou gay??? A forma como vc pratica o sexo  pode ser, sim, opcional....ethos, essas coisas explicam tudo.Mas o "com quem" eu, aos cin...., bom, refazendo a frase, eu, nesta idade, nunca vi....nem ouvi falar, a não ser esses pastores evangélicos malucos e sem noção. E ainda querem curar isto!!!!

Bom, queridos, lamento informar, ser evangélico, sim, é uma opção que tem cura... tentem uma umbandazinha, um bom rito budista, uma "variação" qualquer, que a paz vem!!!

 Então, para finalizar: quem quiser começar uma campanha pelo banimento do termo "opção sexual" pode começar jà, que tem meu apoio e, prometo, participação, desde que não seja coletar abaixo assinado. Pior que abaixo assinado, sò o pessoal do Greenpeace fazendo jogral na calçada!

Nem lembro o autor da frase, mas gosto muito dela: " Qualquer um pode acreditar que Deus NÃO existe; quem acredita é que precisa provar que sim!"

4 comentários:

  1. Heloneida Studart, defendendo o uso do termo "orientação sexual", falou (ou escreveu) exatamente isso: ninguém escolhe um caminho de sofrimento. Ninguém faz a opção de ser vítima de preconceito, agressão, segregação.
    E na verdade o que me interessa em cada pessoa é o seu caráter, as suas atitudes comigo e com o mundo. O que ela faz na hora do sexo, não importa.

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  2. ótimo, Valéria, eu tinha me esquecido disto!A Heloneida, Deus a tenha, escreveu um livro lindo, o Pardal é um pássaro azul, e fiquei muito feliz quando eu, encontrando-a no elevador da casa, disse que era um dos livros favoritos meus!!Ela disse que era para trazer o livro mpara ela fazer uma dedicatória, e eu, uma besta, nunca fiz!!! E ela tinha absoluta razão: ninguém faz escolha pelo sofrimento, não conscientemente!!

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  3. onde se lê "fiquei", por favor, leiam "ficou"...são os efeitos da viagem!

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  4. Ela tinha uma visão lúcida e moderna. Mulher, nordestina, forjada no preconceito, sabia bem o que falava (e escrevia).
    Depois que mandei o primeiro comentário lembrei que foi em um artigo dela no jornal O Globo que li essa definição.

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Comente o que acha que deve, mas use termos gentis, mesmo que desaforados...